quinta-feira, dezembro 31, 2009

Nosso encontro

Eu te escolhi. Outros me olhavam, outros pareciam talvez até um pouco mais interessantes, mas eu escolhi você. Que esquisito, eu já havia escolhido outros outras vezes. Dessa vez tudo foi diferente, dessa vez não era tão simples assim, dessa vez havia um diferencial tão complexo: você me escolheu também.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Enquanto espero

Eu também te amo
Em algum lugar
Espere por mim
Eu também estou perdida
Não desista de me encontrar
Tudo tem sido muito difícil para mim
Enquanto isso
Você não chega e eu acabo me confundindo
Eu sempre acho que você é outra pessoa
Mas você nunca é
Não desista de mim
Eu estou em algum lugar que você ainda não foi
Mas eu estou aqui
Se você soubesse quantas vezes eu me confundi
Tem sido difícil te encontrar
Em tantos lugares vazios
Mas sabe, eu não vou desistir de você
Pode demorar, eu não me importo
Quando você me reconhecer
Pode ser que, de repente
Eu me reconheça.

domingo, novembro 15, 2009

Esperar, Esperadora, Esperança

Se existisse um verbo para a pessoa que espera, ele seria meu
Estou sempre esperando
Chego antes nos lugares – chego sempre antes, algo genético talvez – e espero.
Foi assim que aprendi a ver pessoas e foi assim que aprendi a amar cafeterias.
Sento e espero
Não me escondo atrás de uma ligação de celular nem tampouco tento disfarçar o fato de estar sozinha
Não
Não fui abandonada
Não sinto a solidão
Estou apenas esperando
Sempre esperando
Algum pequeno nada acontecer.

sábado, outubro 31, 2009

Eterna construção de mim

Não tenho medo de mudar,
Tenho medo de permanecer.
As mudanças acontecem todos os dias.
O dia que eu não mudar,
Um pouquinho que seja,
Preparem as flores.

sábado, outubro 24, 2009

Falando de Paixão

Cega, surda e muito falante, a paixão aterriça.
Ela não chega mansinha, pedindo licença, não.
Ela chega explodindo, gritando, dominando.
Ela é egoísta, só pensa em si mesma.
Ninguém ensinou a paixão, quando ela era pequena, que não se deve roubar ou matar.
Então, sempre que pode, ela arranca o coração dos outros fora e algumas vezes mata, mesmo que o corpo continue a vagar pelo mundo.
A paixão tem muitas faces e muitos nomes.
Em seus documentos lê-se Temporária, Destruidora, Fogueteira, Doentia.
A paixão é bela, muito bela, quando encontra um outro alguém também chamado paixão, o que transforma todos os dias em arco-íris com potes de ouro.
Mas se a paixão encontra-se sozinha,por qualquer razão que seja, ela arde por dias,
Anos,
Até transformar-se em memória.

terça-feira, outubro 20, 2009

Insônia

Foi estranho. Estranho mesmo. Eu olhei para a janela do carro e comecei a achar tudo um pouco diferente do que era antes. E a noite não tem culpa, eu é que não consigo dormir: são muitos sonhos para pouca noite.

segunda-feira, outubro 12, 2009

As borboletas do caminho

Vivo me apaixonando por ai.
Sempre fui assim.
Paixão passageira, paixão duradoura.
Me apaixono por coisinhas bobas que passam no meu caminho, me apaixono por momentos que passam como brisas.
Às vezes me apaixono por uma música ou outra, e ela acaba junto com a paixão.
Às vezes me apaixono por uma cor, mas também passa sem que eu tenha controle.
Um dia me apaixonei pela música brasileira, e essa paixão virou amor.
Um dos meus grandes amores eternos.
Um dia me apaixonei por um mocinho qualquer, e também durou para sempre naquele momento, até que um dia acabou.
Paixões são sopros de vida que nos fazem lembrar que viver é preciso, por isso me permito me apaixonar sempre, e muito.

segunda-feira, outubro 05, 2009

Talvez seja assim

Às vezes a gente tem que despistar todo mundo para que ninguém veja a alegria absurda que estamos sentindo. Para que ela não escape no meio de tantos olhares curiosos, para que ninguém nos a tome (mesmo que sem querer). Assim também acontece com a tristeza profunda. Temos que despistar todo mundo, para que ela não se espalhe e acabe penetrando outras vidas e deixando tudo azul. Para que ela não saia de nós e passe para quem precisamos ver sorrindo. As máscaras diárias protegem a nós mesmos e salvam vidas. É preciso saber usá-las, no entanto, para que a vida não seja vivida por trás da máscara, na solidão. É preciso saber deixar o pouquinho exato de tristeza e o pouquinho exato de alegria transbordarem para todos os lados e penetrarem em alguns cantos.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Meus porquês

Descobri que os meus porquês são todos momentâneos.

Não encontrei um porque maior, um porque que justifique tudo.

Meus motivos duram um sopro de um dia, uma batida de um coração.

Às vezes se prolongam por mais de uma lua e chego a pensar que descobri o porque superior, mas reflito e percebo que não, ainda não descobri o porquê do porque.

quinta-feira, outubro 01, 2009

Tudo que eu não disse

Se eu não soube me despedir
A vida fará isso por mim
Um dia, por fim
Enquanto eu estiver distraída
Ou enquanto eu dormir
Que seja enquanto eu durmo, para que eu não veja o último instante
Que seja incompleto, para que eu fique com o restante
Sempre fui de acreditar
Mas dessa vez eu não sei se e o nosso caos tem cura
Se há buraco nessa fechadura
É que eu nunca vi isso antes
Nunca vi essas cores, esses sinos, essas flores
Tudo que há no seu peito
Tudo que causa esse efeito
E o que resta pra mim são só as dores
Mas se eu implorar mais um adeus,
Se jurar partir para nunca mais
Me segure
Me peça para ficar
Me impeça de falar
Não deixe que eu parta
-ao meio
jamais

segunda-feira, setembro 14, 2009

Acontecimentos

As coisas todas acontecem.
Misteriosamente acontecem com o nada.
No chão, com o vento, para o céu.
(Aparecem e podem sumir).
Segurem-nas com as duas mãos.
Não as deixem voar com os pássaros,
Não as deixem escorrer para o ralo,
Com a água do banho.
Não as deixem soltas como pétalas caindo da flor,
Porque não são flor.
O vento é fragil, fraco, não se vê,
Mas às vezes leva tudo o que se tem.
(Violentamente, como se as coisas não precisassem de despedidas)
Como se tudo bastasse no momento em que se acaba,
Como se nunca ficasse um talvez, um suspiro, uma lágrima.
As coisas todas acontecem. Sempre.
Tudo que se quis, tudo que se quer, tudo que não se tem: acontece!
Não deixe que nada escape.
Porque as coisas se vão, misteriosamente...

sexta-feira, setembro 11, 2009

Necessidades da vida...

Um dia a gente se conheceu.
Foi uma coisa muito forte.
Uma questão de necessidade.
Eu precisava dos textos dele, da racionalidade, do amor que ele sentia por mim.
Ele precisava de mim. Precisava da minha alegria e despreocupação com tudo.
Era como uma balança e a base de tudo era uma paixão maior do mundo.
Maior.
Maior que qualquer desavença familiar, dinheiro, ciúmes, tempo ou espaço.
A gente se precisava como remédio, como cura.
Mas um dia eu sarei.
Levantei da cama, pude andar descalça pelo chão frio, prender o cabelo e rir alto, descontroladamente.
A garganta já não doía.
Nada já doía.
A gangorra despencou e eu fui jogada para o céu, quase tocando as estrelas, e voltei para a terra, me equilibrando.
Voltei a ser o que eu nunca fui.

domingo, agosto 23, 2009

O que me basta

Para mim, me basta que tu me olhes.Não preciso de muito: de presentes ou promessas.
Não preciso tocar o teu corpo, não preciso beijar os teus lábios.
Me bastam os teus olhos cheios de vontade do que não pode ser.
Me basta a tua vontade.
Que quando falas, tuas palavras são doces, mesmo que fales de abandono e solidão.
Que quando me beijas, são os teus beijos que desejo.
Mas para mim, me basta o teu olhar.
É do teu olhar que, às vezes, eu tiro toda poesia.

quinta-feira, julho 23, 2009

Reencontro dentro de mim

Foi assim.
Olho no olho.
Apertando as duas mãos.
Sem sinal de sorriso,
sem palavras,
sem piscar
que descobri aqui dentro
minha coragem.

domingo, julho 19, 2009

... Eu vejo flores em você...

...Na verdade o barulho lá fora são só as árvores se mexendo, e chuva também
Mas o que parece é barulho de mar num daqueles dias de férias de romance de verão, de friozinho na barriga para o dia seguinte e ansiedade para entrar no mar, beber água de côco... É um barulho de ondas que dá vontade de ficar acordada ouvindo para sempre
Para essa sensação nunca passar...

segunda-feira, julho 13, 2009

Na chuva de anteontem

Cai chuvinha
Lava tudo
Lava meus pensamentos confusos
Molha as plantinhas lá fora
Traz vento novo, sol novo, alegria nova
Faz barulhinho na janelal
Leva recado pra longe
Limpa passado que é passado
Chove muito muito
Para amanhã tudo ficar mais claro

sábado, julho 11, 2009

Superficialidades da vida

Atualmente as coisas se tornaram descartáveis.
Nada de guardar para sempre, nada de comprar para vida toda.
Puro descarte.
O tempo já foi mais estático, mais sólido.
Agora não, esqueça.
Somos a geração da água. A água se adapta, evapora, água some, renasce diferente.
Modernidade líquida, minha gente, modernidade líquida.
Eu, influenciada por essa tendência biruta de que o mundo nada mais é do que um descarte, mandei ver. Descartei coisas, descartei palavras importantes, descartei músicas como faço quando enjôo do meu ipod.
Descartei isso e aquilo e é claro, descartei pessoas. Cabeleireiros, manicures, e todo tipo de ser vivo que não atendesse às expectativas, seguindo o raciocínio de que a oferta é sempre maior que a demanda.
Tchau, adios, bye, dizia eu.
Até que um dia minha tartaruga errou o caminho, e eu a descartei. Mas ela, atrasada como qualquer tartaruga, não sabia nada dessa história de modernidade líquida, e não aceitou.
Falou-me sobre o individualismo das pessoas, o quanto o ser humano de hoje só enxerga o que quer. Reclamou da superficialidade das relações e dá falta de vontade pra perdoar, dar uma chance e entrar em contato com os sentimentos.
É mais fácil descartar mesmo! Gritava ela, o diálogo se esvaziou, os sentimentos não são mais intensos...
E foi então que realizei o mal do século.
A pequena tartaruguinha, com sua sabedoria milenar, não me descartou.
Mostrou-me o quanto é gostoso cultivar uma amizade e lutar por ela.
Obrigada tartaruguinha, por me mostrar que o amor engloba o perdão, o aprender e o lutar. Estava quase corrompida pelo sistema, agora não mais descarto.

quinta-feira, julho 09, 2009

Perguntas sem respostas

Não fico mais me perguntando para que servem as coisas. Por que que eu sinto de tal forma com relação a algumas pessoas e a outras eu sinto exatamente o contrário. Não me pergunto mais do que são feitas certas pessoas e por que tanta gente não vê o que eu vejo. Eu não pergunto mais. Talvez eu tenha enjoado de tanto buscar algo que não vai me tirar deste lugar. talvez eu não tenha mais aquelas curiosidades antigas. E talvez eu saiba, talvez eu simplesmente saiba, que a resposta é tão misteriosa quanto todas as minhas perguntas...

segunda-feira, julho 06, 2009

É pedir demais querer ver-te hoje?
E amanhã,
e depois,
e depois
e o dia depois disso?

sexta-feira, julho 03, 2009

O dia que fui estrela

"Ainda fiquei por algum tempo sentado na escadinha em frente a porta
Ainda achei que dava para esperar mais um pouco antes de trancá-la
Mas a noite veio e ninguém apareceu
Levantei, dei mais uma olhada, olhei o céu se apagando atrás das montanhas, vi os pássaros se recolherem, os grilos saírem, o uivo rasgar a pastagem, o vento parar e me ensurdercer com seu silêncio
Era um lugar lindo, mas vazio
Ninguém veio, cansei, fechei a porta
Fechei mesmo, com cadeado e corrente, e deixei espinhos na maçaneta
Joquei a chave no lago que havia mais abaixo
Peguei a estradinha de terra, estreita e escura, e sem me despedir, segui meu caminho deixando todos meus desejos, sonhos e esperanças no baú do terceiro quarto à esquerda, no segundo andar
No céu tinha uma estrelinha linda, que brilhava muito pouco, mas estava lá entre todas as outras, praticamente imperceptível

Mas me encantou aquele brilho fraco mas insistente
Resolvi subir na lua, como sempre fiz, para poder vê-la melhor
Quando cheguei não estava mais lá
Cansado e decepcionado, me enconstei em uma pedra e cochilei um pouco
Acordei e ainda era noite, resolvi voltar pra minha estradinha e continuar meu caminho
Foi quando notei uma certa luminosidade naquela porta em frente a escadinha
Pensei muito antes de decidir verificar o que seria
Quando cheguei na escadinha vi que a porta não havia mais, e uma luz forte vinha de dentro, principalmente na janela do terceiro quarto à esquerda, aquele do segundo andar
Era a estrelinha, ela veio a mim e entregou as coisas que estavam trancadas no baú
Tudo estava quente novamente, a luz penetrou em todos os ventrículos e átrios da casa, que voltou a pulsar e iluminar todo o resto
Tudo está limpo, agora posso ficar, pra sempre

Não estou mais sozinho nem com medo, a estrelinha está aqui, cuidando de mim..."

ps: presente de uma época em que o céu era sempre estrelado, não importava-se o quão nublado estivesse...

domingo, junho 21, 2009

Nem sempre é fácil assim

Fugir é fácil
Resolve problemas
Faz esquecer obrigações
Posterga situações indesejadas
Mas não nos protege de dar de cara com nós mesmos.

quinta-feira, junho 18, 2009

Vida nova

Acho que sou uma reencarnação
Sou uma reencarnação de mim mesma
Voltei a Terra no meu próprio corpo para rever meus erros, consertar os estragos e acertar o caminho
Voltei e agora com a alma mais limpa; não menos confusa, mas mais sóbria
Possível agora seguir em frente para não olhar para trás
Lembrar do que passou sim, mas se arrepender não é mais preciso
Nesse meu novo-velho corpo tenho uma nova-velha vida que posso aproveitar direitinho
E fazer dela um lindo caminho
com pedrinhas,com pedrinhas de brilhantes

quarta-feira, junho 17, 2009

Teimosia teimosa

Sou mais teimosa que carro desalinhado, pipa sem rabiola e disco riscado.
Mais insistente que menino de rua, sol no verão e o menino do brocólis no comercial.
Não sei o porque mas insisto, insisto e me dou mal sem nem perceber.
Mas às vezes, teimosia é bom, é só ser educada e contida que vira um dom.
Isso chama perseverança, bonito nome mais em excesso vira lambança.
A quantidade de teimosia deve ser como tudo na vida, um pouco exagerada um pouco contida.
Bom senso é a chave dessa porta, e estou tentando achar o equílibrio para não deixa-lá morta.

terça-feira, junho 16, 2009

Meu ponto de vista

Pode ser vista como um tipo de investimento.
Como alguém que não semeia poderia colher?
Como alguém pode querer a perfeição do outro
Se nem o sabe ser?
Quem acrescenta algo ao próximo acrescenta muito mais a si mesmo.
Aquele que deseja o frescor de uma sombra precisa antes plantar uma árvore.
Generosidade é isso, pelo menos para mim...

domingo, junho 14, 2009

Gira mundo Gira

Você já parou para pensar por que o sol nasce no leste e se põe no oeste?
Não, não é ele que se move e sim a terra que se contorce para estar sempre viva, alegre e iluminada.
Já pensei que seria legal ser o sol, apenas ficar parado iluminando todo mundo - mas com certeza com tanta luz assim seria impossível ver, os olhos ficariam brancos e os caminhos confusos.
Se é assim, prefiro ser a pequena terra, ter que me mexer, rodar , correr e as vezes me confundir.
Mas poder estar não só com o sol mas com o mar, o céu e também o luar.

Quando fechei meus olhos

E vi tanto.

Vi estrelas num céu de interior
Vi caminhos, lugares, pessoas
Vi a lua chegar bem pertinho

Senti o frio se acabar com um abraço,

as preocupações caberem num potinho

e amanhã ser o dia mais longe do mundo...

terça-feira, junho 09, 2009

Amar sem receber

Não é que eu seja tola ou inocente. Eu apenas amo as pessoas muito antes de descobri-lás. E na hora de descobri-lás eu as descubro já com os olhos do amor, que são tantas vezes cegos. Todas as vezes, as boas e as ruins, houve o meu amor e ele nunca foi desperdiçado. Todas as pessoas que eu amei, de uma forma ou de outra precisaram do meu amor. E eu não me importo em saber se elas o mereciam, isso já seria perda de tempo.

domingo, junho 07, 2009

Papai do Céu

Aqui embaixo todo mundo procura pelo Senhor o tempo todo. O chamam de milhares de nomes, o vêem em milhares de imagens. Dizem que o Senhor olha feio quando as pessoas fazem coisas esquisitas e que o Senhor escolhe quem vai ficar aí em cima com o senhor: não é todo mundo. É verdade mesmo? Não acredito em tudo que dizem, mas uma coisa ou outra eu até suspeito. Sabe Deus, todo mundo aqui embaixo precisa do Senhor, embora muita gente não assuma. O Senhor vai mesmo descer daí um dia e abraçar toda essa gente? É muita gente, meu Deus! Eu até que tenho sido boazinha, cometo apenas um ou dois pecados por dia. Será que o Senhor vai me escolher para ficar aí em cima também? Não que eu tenha medo lá de baixo, claro que não, mas ouvi dizer que por aí tem marshmellow para todo mundo e uns garotinhos de cabelos encaracolados tocando harpa. Mas harpa, meu Deus? Por que harpa? Acho que prefiro uma guitarra. Deus, será que vossa Santidade poderia descer um pouquinho antes e me dar só um abracinho? Eu prometo que não contarei para ninguém, e quando eu O reencontrar aí em cima, eu finjo que nunca O vi mais gordo. O que o Senhor acha? Talvez seja só o seu abraço que possa salvar a minha vida... como sempre!

domingo, maio 31, 2009

Afinidades

Às vezes eu penso que existem passos que caminham juntos, e outros que não.
Esses que andam tão separados, vez ou outra teimamos em juntar, e eles se fingem perfeitos, perambolando lado a lado.
Mas de repente escurece, e eles se perdem um do outro.
É o instinto que ensina a ambos sua estrada verdadeira.

Na viagem da vida

A vida talvez seja um grande barco.
Um transatlântico que navega em águas às vezes calmas e tantas vezes cheias de ondas.
Dentro deste grande transatlântico há aqueles que viajam em cabines sofisticadas e os ratos de porão.
Chapéus bordados, aventais, fraldas e uma tosse ou outra.
Ele oferece o céu a quem se interessar, e o medo a quem se entrega.
Este grande flutuante, pensam alguns, é apenas passagem, um condutor ao destino final, seja lá qual for.
Outros não pensam em nada, apenas aproveitam toda a viagem porque o destino não importa.
A grande maioria está preocupada em pensar: estou fazendo uma viagem agradável?
Ao passo que alguns mínimos lembrarão-se de perguntar: Seria eu uma boa companhia?

sábado, maio 30, 2009

De novo e sempre...

Estão todas aqui ainda, as minhas rachaduras de outrora.
Por vezes se tornam maiores, por vezes se calcificam.
Eu já superei, já virei a página, já rolou muita água por debaixo da ponte, mas elas insistem em me doer de vez em quando.
Quando as vejo em outras pessoas.
Quando relembro o quão doloroso foi ser quebrada em pedaços.
Mas a grande ironia de tudo isso é que eu não desejo me livrar delas.
Deixo intocáveis todas as minhas marcas.
Elas estão aqui para me lembrar que eu posso sobreviver e renascer novamente...
...seja lá quantas forem, minhas pequenas mortes.

domingo, maio 24, 2009

Saber esperar

Na sala de espera você fica inquieta
Não quer esperar
Mata o tempo como pode
Olha pela janela, se houver
Lembra, pensa, planeja
Tic tac tic tac
Os ponteiros parecem estar colados no mesmo lugar
E você espera, espera...
Mas tem uma hora que é a sua vez
E ela chega
Sempre chega
Você só precisa saber esperar

sábado, maio 23, 2009

Garantia minha

Eu bem sei que a vida não é só plena de tristeza, tampouco plena felicidade.
A vida não é preto, não é branco. É um dia feio, onde colorimos com um monte de tons em cinza. É tudo alto e baixo, ascender e despencar, são dualidades interrelacionadas, que se seguem, se substituem, se invertem.
O mal vem para mostrar que a vida não é só bem. A tristeza vem para mostrar a imperfeição.
A ruga vem para no rosto mostrar o trágico passar do tempo.
As perdas vem para mostrar que a vida é a vida e um conto de fadas são apenas as mentiras que contamos para fingir que a vida não é a vida.

É, talvez a vida não seja mesmo um conto de fadas, mas eu vou garantir o meu final feliz.

terça-feira, maio 19, 2009

Porque tentar

Talvez porque tudo foi tão bom, que há esperanças do bom voltar
Ou então porque o bem querer é tão grande que segura tudo no seu lugar
Ficar para saber o que vai ser, para não se arrepender, ficar para ver
Pode ser também por se conhecer e ter certeza de que, se desistir,
o caminho será só incertezas e talvez sofrimento, e se ficar, será bom, sempre bom
Ficar por saber que vale a pena tentar e que amanhã será melhor que hoje

sábado, maio 16, 2009

Quando a vida acontece

Eu transpiro felicidade.
Olhe meus traços, olhe minha expressão.
Eu transpiro tudo aquilo que tenho lutado.
Pareço um grande monte de expectativas, circulando de florzinha no cabelo.
Pareço vontades de todas as cores
Porque como dizia Snoopy: It is a big world Charlie Brown!

sexta-feira, maio 15, 2009

Que assim seja!

A cada viagem que faço, a cada visita que recebo, a cada passeio que dou, palavra que aprendo, pessoa que conheço, a cada flor que brota, a cada sorriso que ganho, a cada paisagem que contemplo, alguma coisa dentro de mim dilata. Em toda decisão tomada, passo dado, dor compreendida, em todo momento vivido na presença, na reunião de tudo que sou, algum nó se desfaz em mim, alguma luz se acende, algum medo se perde. Tudo que existe me diz alguma coisa. Nessas pequenas e graduais iluminações liberto o eu de alguma coisa que nao é. Deixo o eu livre para ser cada vez mais eu. A compreensão se revela em seu tempo, o caminho mostra seu sentido. E entendo! Nao devo me tornar nada. Sou a cada instante o máximo que poderia ser. E quanto mais compreendo e vivo isso, mais sou, mais me sensibilizo com existir. E eu está ficando imensa, e a vida esta ficando imensa. Depois do frio, da solidão, do vazio, do sono, do desespero, do perder-se, do cinza dentro de mim, assim como tudo a minha volta, renasce, acorda se abre mais forte, mais vivo, mais sedento, mais faminto do que um dia já foi. Hoje percebo as pedras pelas quais passei e agradeco imensamente ao que cada uma delas me disse e me fez sentir. A vida tem seus segredos. Os milagres só existem para aqueles que acreditam. A busca deve ser desmedida, pois é infinita. Até a lama tem sua beleza, até a melancolia tem seu charme e a dor pode ser bonita porque também é uma forma de enxergar e de nos fazer entender com maior valor aquilo que nao é dor. O importante é beber do limao sem, no entanto, se deixar azedar. Depois do amargo, o mesmo doce de antes torna-se mel. Passar pelos ventos da vida sem cair nas armadilhas fáceis do medo, da raiva, do desamor e do ego, acabam por nos colorir. A vida é uma só. Essa foi a grande compreensão. E não gostar do milagre do eu ou ser pela metade seria um desrespeito ao grande milagre, seria enfim, o maior de todos os pecados. O eu e o agora são as única coisas que me pertencem. E que assim seja, Sempre.

sábado, maio 09, 2009

O significado das coisas

Eu andava na rua e vi um homem de chápeu.
Um senhor, e ele usava um chapéu velho e preto.
Milhares e milhares de dúvidas surgiram na minha cabeça (que estava vazia de todas as outras coisas) a respeito do chapéu.
Eu imaginei se aquele senhor acordou de manhã e pensou: "Vou usar o meu chapéu hoje" ou se ele pensou: "Vou usar meu chapéu de sempre".
Pensei também se ele tem várias cores de chapéu e naquele dia resolveu usar o preto. (Mas preto é tão triste...)
Pensei se, por conta do aspecto velho do chapéu, o pai dele haveria o usado também.
Me questionei se talvez a esposa dele achasse aquele chapéu lindo e por isso ele o vestisse.
Fiquei me perguntando se ele já fez algum remendo no chapéu, se é o chapéu preferido dele, se ele comprou ou alguém deu para ele.
Por último eu me perguntei se aquele chapéu seria importante para ele, ou se era apenas um velho chapéu.
Sabe, aquele chapéu insignificante me fez repensar em todo sentido da vida.
Será que eu tenho também coisas imensamente insignificantes tão cheias de significados?

terça-feira, maio 05, 2009

Descobertas de um mundo novo

Eu lembro que uma vez uma amiga me perguntou se eu achava que um mês era pouco tempo para se apaixonar por alguém. A resposta me faltou aquele dia, porque sinceramente eu achava que não, mas tive uma experiência que me fez mudar de idéia.

Experimente passar um dia com uma pessoa encantadora.
Um diazinho só.
Eu duvido que até a lua chegar no meio do céu (e que lua e que céu mais lindo)
Você já não vai estar apaixonado por essa pessoa.
Quando alguém é encantador, a gente se apaixona.
Às vezes pode demorar meses
Mas às vezes em um dia nossos olhos estão inevitavelmente mais brilhantes.

segunda-feira, maio 04, 2009

Pausa

Uma pausa apenas

Apenas uma vez queria minha vida em estado de pausa

Por um tempo queria perpertuar um momento

Quem sabe assim a distância se torne menor

O tempo passe mais devagar

O espaço seja mais curto,

E o coração sofra menos...

Quem sabe...

terça-feira, abril 28, 2009

Pedacinhos de mim

Há uma pequena parte de mim que quer ficar. Ela grita um gritinho suave, dentro de mim, pedindo, implorando que eu fique. Essa parte de mim quer rir quando o assunto é sério, e às vezes quer chorar no meio do trânsito. Essa parte de mim não pode ver um gramado, que já quer sair correndo. Ela tem medo de tudo e quase sempre quer fugir para onde não deve. Ela se sente perdida, tem saudades de tanta coisa antiga boa e ruim, tem saudade do amor e do desamor que sentiu e tem sede de coisas que não são de beber. Essa parte de mim um dia já foi o meu todo, o seu todo. Agora é apenas uma pequena parte de mim. É a parte que eu estou deixando de ter aos poucos, que eu estou deixando esvair, que está perdendo espaço para uma coisa maior. Uma coisa que as pessoas costumam chamar de "renovação".

sábado, abril 25, 2009

O tempo que faltou

Não olho para a noite, porque não há cor. Eu não gosto quando falta nada, e falta cor. Gosto de sentir a terra girando. E ela gira bem devagar, só pra me provocar. O relógio continua fazendo o barulho dos ponteiros cansados. Que giram num eixo tão pequeno. Olhem para os relógios: que erro! Esse eixo não vai conseguir segurar um dia todo! Consertem-no! Aumentem os relógios! Deixem os ponteiros girarem por mais tempo, eles precisam de mais segundos! E eu preciso de água. Esqueci de tomar água, de comer, de dormir. Eu esqueci, porque pensava naquele mistério: A sua mão que não segura a minha. Há mãos abanando, há mãos que falam pelas bocas surdas, há mãos que imploram perdão, há mãos que mostram uma idade longa, e há a sua, que não segura a minha. Eu sei que há maiores mistérios, como o arco-íris cheio de cores que se unem, e elas se unem tão bonito... Logo depois da chuva. É tão belo: cores claras, cores escuras. A natureza que as fez amarelas, azuis... Mas a noite não tem cor. E é por isso que eu não olho para a noite, porque ela não quis usar nenhuma cor.

quinta-feira, abril 23, 2009

Silêncio do que não foi dito

Às vezes tudo que devemos fazer é dizer a frase que desejamos e então nos calar. Ir embora depois. Porque o que vem depois dessas frases são coisas sugadas de nós, que ainda não estavam prontas para serem expelidas. E tudo que nos é sugado, assim prematuramente, pode doer nos ouvidos de quem sugou. Não quero dor. Ela costuma bater no vidro e voltar de onde veio.

domingo, abril 19, 2009

Simples assim, mas nem tanto

Um dia já existiu castelos, príncipes, fantasias.
Um dia já houve a possibilidade de viagens espontâneas, histórias mágicas, experiências fantásticas...
Um dia nasceu um pequeno príncipe, as serenatas, as flores.
Um dia ela abriu o olho e acordou.
Quem a cutucou foi sua terapeuta, sua idade, sua vida.
Cutucaram tão forte que ao invés de levantar, ela caiu.
Era um buraco muito mais fundo do que o da Alice no final nada de coelhos e relógios.
Ela caiu na real.
Pegou os pedacinhos minúsculos de esperança espalhados pelo chão e seguiu.
No caminho aprendeu algumas coisas, descobriu o que queria, precisava, e o que não aceitava.
Cativou tudo e a todos se responsabilizando - quase sempre - por seus atos.
Um dia cativou um pequeno pinguim.Porém, ela achava que podia transformá-lo em mundo.
No seu mundo.Queria que ele fosse vento, água, sol e terra.
De pouquinho em pouquinho ela foi moldando-o para ficar perfeito, do jeito que ela queria!
Foi tão difícil perceber que não importava o quanto tentasse, ele era apenas um pinguim.
Um dia passou um trem e o levou embora: "Não se preocupe querida... é o trem da vida"e se foi.
Ela então voltou para a realidade novamente.
Deu o que restava de fantasia para um trombadinha - que levou também seus pertences - e chorou.
Daí para frente começou a olhar ao seu redor.
Percebeu como os relacionamentos de hoje são superficiais,como o dinheiro manda em absolutamente tudo,como "um falso sorriso vale mais do que uma amizade"e todo "amor verdadeiro" é o conjunto: carro-roupas-viagens-tempero-vinho-restaurantes-festas-coisase por isso ninguém mais sabe o que sente.
Construiu seu murinho, não muito alto para que não pudesse ver do outro lado, poliu seus diamantes internose deu alguns tropeços em pedriscos no caminho.
Mas não pense que ela entrou nesta concha e não encara a vida.
Foi de tanto encarar que tremeu.
Só soube então se realizar em palavras; seus desejos, medos, saudades.
Ponto final ela não põe em nada.
Não tem a conclusão e deixa quem quizer partir no trem da vida apenas ir...ela só precisa se achar.
Por enquanto só quer aprender a ver a lua sozinha
Para um dia vê-la junto das estrelas.

sábado, abril 18, 2009

De volta a estrada

Eu estou sempre por aqui, quando você precisar.

Sempre por perto, mas percebo-me longe de mim mesmo.

E agora?

Qual é o caminho de volta?

Me perdi nessa estrada que me afasta de mim mesmo.E agora não consigo mais encontrar o caminho...

Perder-se e encontrar-se novamente

Pode ser um caminho sem volta

... às vezes.

sábado, abril 11, 2009

In-decisão

Meu estomago dói, ele sente o peso de uma decisão
Se contorce
Se ajeita
Reclama,
Aperta
Dificultando ainda mais minha concentração, numa tentativa de boicote
Pode gritar, pode fingir estar com fome, pode fingir queimadas amazônicas,
Eu agüento você.
E se eu vencer
Você me agüenta, e sossega, por favor.

quinta-feira, abril 09, 2009

Alma minha

Li em um dos poemas libertinários de Manuel Bandeira, que largasse a minha alma se eu quisesse sentir a felicidade de amar.
"Porque os corpos se entendem, mas as almas não"
Sim, eu largarei minha alma. Deixarei-a vagando por aí, infeliz, solitária, perdida.
Largarei-a para que ela se encontre em um nirvana profundo do paraíso das almas. Largarei-a em uma esquina, sem nenhum radar. Deixarei-a em paz, na paz que as almas encontram quando encontram a si mesmas.

Eu deixarei minha alma passear pelo mundo, pelos cantos, pelas casas e pontes, para que eu encontre a felicidade de amar.

Mas peço a ela, a alma que é, que não me abandone. Que vagueie por muito tempo, que se incomunique com outras almas, que se encontre em espelhos do mundo. Mas que volte para o meu corpo. Porque há muito tempo ele já sente a falta desta alma.

terça-feira, abril 07, 2009

Esperando a próxima estação

Não era primavera e não havia flores pelo chão.

Não havia folhas secas para pisarmos fazendo barulho.

Não era primavera e não ficamos deitados na grama.

Não sentimos frio com o sol na cara, não vimos estrelas.

Talvez porque não era primavera.

Não deixei meu cheiro em seu travesseiro, e você não segurou minha mão.

Que estação era, eu não sei, mas não era primavera.

Porque você partiu, porque eu quis ficar.

Podia ser que você nem me notasse, porque não era primavera.

São poucas as estações, são poucos os dias, são poucas as pessoas.

Minhas palavras não foram poucas, mas não ficaram em você.

Caminharei por entre as árvores e vou lembrar daquela estação, mas haverá outra mão segurando a minha mão, sem que eu peça.

Eu bem que quis, eu até sorri.

Mas não pude ficar, porque eu não posso esperar até a primavera.

Um poema antigo, para uma primavera que nunca chegou.

domingo, abril 05, 2009

Meus detalhes

Tire de mim os meus defeitos.
Veja-me como sou sem meus detalhes explícitos.
Finja que sou sem cor, e pinte-me da cor que quiser.
Se quer que eu seja deusa, serei uma deusa.
Se quer que eu seja só o som da minha voz, serei só o som.
Mas não esqueça de se desiludir depois de fingir.
Eu não sou manequim.
Ponha os meus defeitos de volta.
E se mesmo com todos os meus detalhes -da ruga ao ronco,
Você gostar da minha cor,
Então prepare a sua velhice: iremos caminhar juntos.

terça-feira, março 31, 2009

Leveza da alma

Estou me sentido leve
Meu coração descarregou,
Suave
Emagreci!
Na alma, na mente e no coração
Expulsei de mim, o peso que carregava.
Sem nem ao menos saber o por quê.
E, como uma pluma a flutuar,
no ar...
Leve estou na alma.
Emagreci!
(onde eu mais estava pesada)

sexta-feira, março 27, 2009

Seu silêncio

Calo-me por uns instantes...

na tentativa de que escutes o que grito.

Pois se é no intervalo entre as palavras e os silêncios
que mora o vazio do que nunca foi dito.

Então...

Calo-me para sempre......

na esperança de que digas alguma coisa...

algum dia...

e assim, quando este dia chegar
eu entenda como o silêncio (do outro) faz tanto barulho dentro da gente

quinta-feira, março 26, 2009

Tempo das estrelas

Não chore menina, não chore
O mundo é assim mesmo,
Uma roda gigante
De cima você tem uma vista tão linda que acredita tocar o céu e suas nuvens algodão doce
E quando a roda gigante desce
Você se aproxima da realidade universal
Cheia de imperfeições doloridas
Mas não chore menina
A vida é sempre uma roda gigante
Logo mais é tempo de tocar as estrelas de novo.

domingo, março 22, 2009

A pulga que não quer calar

De uns tempos para cá tenho, acordado com um certo incômodo
E, mesmo sem saber e sem me preocupar com isso durante grande parte do dia
Eu sei que há uma pulga que se mudou para trás da minha orelha.
Nunca dei muita importância para essa expressão e agora entendo bem o significado
Eu passo o dia e as noites me sentindo assim:
Como se uma pulga vivesse ali, atrás da minha orelha
E apesar de reconhecer esse fato você não consegue matá-la
E vive esperando a hora em que a bendita irá tascar uma picada bem ali
E ninguém vai ver nem sentir, só você
Só você vai saber o que é ter uma mordida de uma pulga atrás da sua orelha
Coçando o dia inteiro
Ou nas horas mais impróprias
E a pulga vai continuar lá,
Até você conseguir matá-la
OU NÃO
E pra isso você vai tomar um banho
Vai colocar pomada, eemédio, spray
E torcer para que a maldita vá logo embora
E você torce, torce...e às vezes finge que ela não está mais ali, que você realmente se livrou
Até o momento em que você se lembra que ela está ali sim
E que só você sabe que ela está
Só esperando que ela te pique de novo

domingo, março 15, 2009

Anseios

Eu espero
Tão conformada com a vida
Que ela me traga alguma coisa extraordinária.
Nada menos.
Já me bastam as coisas ordinárias do dia-a-dia.
Já me bastam os muitos 'nãos' e os poucos 'sims' que eu recebo.
Já me bastam as mentirinhas diárias e as pequenas gargalhadas.
Já me bastam.
Quero algo extraordinário.
Eu quero olhar para alguém como o meu pai olha para minha mãe.
Mas eu quero alguém que me olhe de volta.
Já me bastam as desistências covardes que me surgiram.
Mas talvez o segredo seja outro
talvez o segredo seja não esperar
Não esperar demais

sábado, março 14, 2009

Segredo

Eu quis, secretamente, que ele não viesse.
Quis ficar em silêncio só com os meus sons.
Não quis escutar mais nada além de mim,
E nem ter que espalhar as minhas palavras pelos ouvidos dele.
Mas ele veio.
Ele veio e trouxe milhares de barulhos, cheiros e caras, dessas que ele faz para tentar me seduzir.
Eu tive de dividir os meus sons com os dele.
Os meus cheiros com os dele.
Os meus pés também.
E tive que fazer aquelas caras que eu faço quando o resto do mundo não me interessa mais.
A gente riu: eu dele e ele de mim.
E então eu quis, secretamente, que os pés dele nunca mais andassem para longe dos meus.

sexta-feira, março 13, 2009

Meu Pôr-do-sol

Ao longo do dia as perguntas, que a gente acorda se perguntando, vão ficando mais tortas. Mesmo porque as respostas retas começam a me cansar e o que eu quero mesmo são torturas.
Uma vez o Pequeno Príncipe disse que a gente gosta do pôr-do-sol quando estamos tristes.
Eu sempre gostei do pôr-do-sol.
Mesmo no ápice da felicidade.
Se eu pudesse virar minha cadeira e vê-lo de novo eu o faria.
Mas é preciso viver o dia inteiro para poder vê-lo novamente.
A alegria e a tristeza andam tão próximas, como o amor e o ódio. E a gente a esconde no armário, mas ela também é linda, a tristeza.
E o pôr-do-sol não é só triste.
Ele leva todo o dia com ele.
Leva a luz do sol, leva as pessoas embora, leva adeuses e perdões.
Eu bem que queria entender por que são tão tortas as coisas.
Drummond diz que pode ser por conta do Deus canhoto, que escreveu tudo com a mão esquerda. Pode ser mesmo.
Acontece que seriam muitas mãos canhotas para tanto desencontro da vida.
Olhando para a noite é que eu penso na quantidade de corpos andando sem alma pelas ruas e trombando na gente. É muita gente, são muitas almas perdidas, são muitos corpos perdidos. Acho que as mãos de Deus nada têm a ver com as perdas.
Deve ser a falta de poesia.
Porque escrever poesia não é necessariamente sentir.
Eu, às vezes, (tantas) escrevo mas não sinto. A poesia no viver me escapa.
Minha amiga mesmo me diz que eu sou duas pessoas diferentes: a que escreve e a que vive.
E talvez, se todo mundo acordasse e fosse dormir com poesia de verdade,
o mundo seria feito só de pôr-do-sol sem tristeza triste (mas com um pouco de tortura).

terça-feira, março 10, 2009

Vida sem mim

Não vá sair por aí
Cantando com os passarinhos
Não vá sentando em cadeiras de balanço
Balançado assim
Não vá cantarolando por aí
Como se fosse hoje o último dia
De toda tristeza
Não faça isso
Não vá nadar na chuva de verão
Não procure os trevos de sorte no jardim
Deitando ali na grama molhada
Não vá pintar quadros no sol do quintal
Não, não, não
Não posso ver-te assim
Sabendo viver
Sem mim.

segunda-feira, março 09, 2009

Das coisas que eu sei

Você é uma coisa muito maluca.
Uma doidera que eu não pedi,
uma soma do que eu não desejo,
uma ausência do que eu preciso,
uma explosão de bom humor.
Você não tem tempo nem espaço,
Você não é deste planeta.
Veio para fazer uma baguncinha qualquer,
Me mostrar que as coisas são bem mais relax do que eu imagino.
Você tem o tempo em suas mãos.
Você é uma espécie que ninguém imaginava,
Para calar a boca daqueles que sempre acreditam conhecer as pessoas.
Você é um doce de criança,
Uma brincadeira de malandro.
Você é o sorriso que eu mais quero

É assim que tem que ser?

Não sei, só sei que é o que eu preciso hoje.

domingo, março 08, 2009

Jardim dos meus sonhos

Existe vida a essa hora da noite?
Existe vida nos seus olhos agora, ou eles estão apagados?
Existem pensamentos nos seus sonhos, ou apenas figuras desconexas?
Eu sou uma figura desconexa nos seus sonhos?

Às vezes você me olha de um jeito que eu penso que sou uma figura desconexa do mundo.

Eu penso se, quando você se sente sozinho, você se lembra que a minha mão pode segurar a sua. Eu não penso na sua mão quando eu estou sozinha.
Eu prefiro pensar num jardim enorme onde eu posso correr.
Você agora dorme?

Eu durmo. E no meu sonho, o jardim para onde eu corro é a sua mão.

sábado, março 07, 2009

Previsão para um coração

Hoje você vai se levantar e, por causa do modo como as estrelas dançaram esta noite, sua mãe vai te dar um abraço apertado.
Mais tarde, devido a um movimento brusco que Júpter fez para mais próximo de Marte, quem te ama vai amar-lhe ainda mais.
Plutão continuou no mesmo lugar e por causa disso, hoje será um bom dia para você no trabalho. Você deverá receber declarações de amor e todas elas serão recíprocas.
Seus amigos se lembrarão de você com saudades porque o planeta que rege o seu signo, Urano, anda orbitando como de costume.
Pode ser que hoje, porém, você se sinta vazia.
Porque nenhuma estrela da galáxia fez algum efeito na distância de você com o seu interior, afinal o seu interior é cheio de outras estrelas, e estas são impossíveis de prever.

quarta-feira, março 04, 2009

Do fim ao começo

Não sei se é nos seus olhos, se é no medo,
se é nos meus pensamentos egoístas,
ou se é no caminho até você que eu estou perdida.
Mas eu estou.
Você tem as palavras preferidas dos meus ouvidos,
só que eles estão um pouco fechados, surdos talvez.
Há muito resquício de tudo nas minhas mãos,
na minha vista falha,
no meu coração pequeno e mesquinho.
Tenha calma, porque eu já tive pressa das coisas e a pressa leva ao fim.
Medo, pressa, angústia...
É tudo feito de fim.
O fim é um quadro triste pendurado na estante.
A moldura não é bela: de madeira ou de pedras brilhantes.
E no fim, o que vemos é a terra em cima de nossos corpos silenciosos.
Não faça silêncio, ele será abundante.
Seja apenas o meu mapa, mesmo que você precise dele às vezes.
Eu serei o seu também, mesmo que ele não leve a lugar algum.

domingo, março 01, 2009

Horizonte adiante

Existe uma hora que não adianta mais.
Não adianta, chorar,ter raiva,se encolher na tristeza.
Existe um momento que a gente percebe que não dá para mudar o outro, o caminho, as coisas.
Não dá inclusive para apelar pra fé, para Deus,porque estaríamos jogando baixo.
Pedindo aos deuses que forcem uma barra para nos beneficiar quando o legal seria que o outro sentisse espontaneamente o amor que desejamos...
Existe um momento em que a gente percebe que a gente acorda e dorme com a infelicidade.
Mas entre tantos momentos nos percebemos esperançosos e assim, vislumbramos aquela luz no final do túnel nos acenando.
É a hora de rompermos com as amarras...
Tudo passa...
Tudo e todos e que fica é nossa essencia!

sábado, fevereiro 28, 2009

Coisas minhas

hoje eu vi um velho amigo, que sempre me faz lembrar das coisas da minha vida...

... e de repente, me deu vontade de vomitar todo o meu peito....
todas as minhas lembranças
boas e ruins, de longe e de perto

só para que ele se encha de novo...

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Deserto em mim

A cor dos meus olhos é castanho-esverdeados.
Ao olhar para eles, é essa cor que se vê.
Eu, no entanto, quando olho para meus próprios olhos no espelho
Vejo a mesma cor da areia do deserto.
Desses desertos bem vazios mesmo.
Sem oásis,
sem caravanas de árabes,
sem rastros de algum jipe que se perdeu,
sem lagartos ou escorpiões
(talvez um pequeno escorpião-filhote se esconda por debaixo de alguns grãos).
Não me desanima abrigar esse deserto em meus olhos.
Foi num desses desertos bem vazios que o piloto de um avião encontrou o Pequeno Príncipe.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Ainda vejo a poesia da vida

A poesia está nas suas mãos, no suor do fim do dia, nas covinhas do seu filho.
E talvez você não tenha filhos, o dia esteja frio e não haja suor.
Mas o seu olhar triste no espelho, o gosto doce da fruta, o sol de inverno são poesias.
Você é todo feito de poesia.
Mesmo na razão dos seus projetos, na certeza que você tem de tudo, na raiva do passado
É poesia. Você é.
Porque sente a vida transbordando nas suas mãos, porque sabe onde está agora.
Porque tudo é feito de desejos, de amor e de incerteza.
E ás vezes, as incertezas te levam longe ou para perto dos seus sonhos.
Basta entendê-las e transformá-las em desejos, que nem sempre se tem controle.
Você não manda nos seus desejos
Você não manda no rumo do destino
Tudo pode dar certo assim como tudo pode dar errado
E derrubar toda a sua razão em um segundo
E isso é a poesia da vida.

domingo, fevereiro 22, 2009

Ainda espero

Lembro de sempre ter chorado quando eu perdia, quando eu sofria.
Sentia um nó na garganta e as lágrimas caíam, sem eu precisar me esforçar.
Mas dessa vez eu não chorei.
E perdi feio.
O nó na garganta veio e ficou.
Não sei se me tornei uma pessoa orgulhosa que não sabe mais chorar de si mesma, ou se as lágrimas estão em algum lugar, apenas esperando para aparecer numa situação banal – quando eu furar meu dedo no espinho de uma flor, por exemplo.
Nem sei por que perdi.
Porque não fui o suficiente talvez, mas nem um “não te quero porque você é feia, chata" ou qualquer outra coisa eu recebi.
Nem um telefonema pra me explicar porquê.
Talvez tenha me dado por vencida muito cedo e não levei em consideração que podem acontecer reviravoltas um tanto quanto inesperadas.

Talvez a esperança tenha sido a responsável por segurar minhas lágrimas do lado de dentro.

sábado, fevereiro 21, 2009

Nossa hora

Oito horas e quarenta minutos.

Eu estou aqui e você?

Deixa estar...

Qualquer hora pode ser oito horas e quarenta minutos em qualquer lugar do mundo.

Eu estou aqui agora e você está aí.
A dor da saudade se acabou às Oito horas e quarenta minutos.
Essa é a nossa hora, este é o nosso encontro, esse é o nosso instante.

Eu estou aqui e você onde está?
Qual é a nossa próxima hora?
Quando é o nosso próximo encontro?
Onde é o nosso próximo instante?
Eu fui lá fora ver se você estava chegando as oito horas e quarenta minutos.
Mas que importa? Não importa.

Deixa estar...

Em qualquer lugar do mundo pode ser Oito horas e quarenta minutos,
E é lá que eu estarei à sua espera, sempre.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Coisas que ando aprendendo - II

Ando aprendento que não existem caminhos certos ou errados...
Se eu percorrer o mesmo caminho dezenas de vezes, posso nunca perceber todas as suas falhas, mesmo se tropeçar todas as vezes exatamente no mesmo lugar - as pegadas não estão ali para serem lembradas e alguns caminhos se tornam seguros apesar dos tropeços.
De qualquer jeito, apenas eu vou saber por onde passaram minhas pegadas, mesmo que elas sejam apagadas, ou a memória já não funcione tão bem, em algum lugar elas vão estar muito bem guardadas - e só eu vou poder responder por elas.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Hora a mais

Enquanto o dia ganhava uma hora, um gato comia ração. Uma folha seca caía de uma árvore velha e uma mãe gritava com um filho. O ponteiro de todos os relógios ficou parado, porque estava na hora de acabar com o horário de verão. Até o ponteiro do relógio daquela professora malvada ficou parado. Bem feito: ela esperava o marido chegar. A noite que já era longa, ficou mais longa, e a música não parou de tocar, porque ainda tinha uma hora de festa. Um avião que passava ali por cima avisou os passageiros: "Voltem uma hora nos seus relógios!" E todos os passageiros sorriram: "Ganhamos uma hora!". Enquanto os bombeiros não apagavam nenhum fogo que não acontecia naquela hora, eu, distraída, deixei a hora passar. Os ratos imundos entravam nos esgotos, as bolas de basquete pingavam no chão, as nuvens formavam suas chuvas, as barrigas de mães grávidas cresciam mais uns centímetros. E eu poderia ficar feliz que ganhei mais uma hora para o meu dia. Eu poderia sorrir ou celebrar, como todos faziam. Poderia tomar uma taça de champagne e me alegrar. Mas eu não, eu não me alegrei.

domingo, fevereiro 15, 2009

Coisas que ando aprendendo

Com o passar dos dias, as coisas deveriam ficar mais fáceis.
Mas não ficam.
A cada dia, fica mais longe o que poderia chamar de tranqüilidade. De resolução. De completo. Dizem que o tempo é o melhor remédio e eu concordo. Mas é um remédio homeopático. Custa a passar a angústia. Custa a aliviar o sentimento de pressa, de aperto e de desespero. Eu mesma não sei como. Não tenho paciência com o tempo. E paciência é a única condição que ele impõe; a única súplica que ele faz. O tempo cura, mas a arma que mais fere está sempre com você, dentro de você. A sua consciência zomba da sua ingenuidade, das suas atitudes e não cansa de criticar, pressionar e machucar. “Não importa aonde você vá, você sempre estará lá”. O engraçado é que vivemos a vida inteira tentando provar aos outros nossos valores, nossa competência, nosso amor, nossa dedicação, nossa fidelidade, nossa honestidade, nossa fé e nossa verdade. Vivemos toda a vida tentando provar quem somos. Pra quem? Esquecemos que quem precisa de provas constantes, de pedidos de perdão e de tudo que passamos a vida inteira tentando mostrar, somos nós mesmos. Aceitar que os nossos valores muitas vezes são falhos; que não somos tão competentes quanto achamos; que o nosso amor é abalado mesmo que verdadeiro; que a nossa dedicação é escassa e deixa a desejar; que a nossa fidelidade pode fraquejar; nossa honestidade nem sempre tão honesta assim; que a nossa fé é duvidosa; e que nossa verdade não passa de uma grande mentira. Queira amor, mas também ame. Ande ao lado de alguém, mas queira estar lá. Decida, mas não demore, pois podem decidir por você. Seja feliz, mas faça alguém feliz também. Abrace, cuide e apóie. Segure, proteja e sinta. Seja o travesseiro de alguém, ou o cobertor, mas não abra mão do seu conforto e do seu calor. Peça perdão, mas também perdoe. Perdoe a si mesmo pelos erros cometidos, pelo que fez e pelo que deixou de fazer.
Aceite e se perdoe.
Viva em paz.
E deseje que alguém, aquele alguém, viva nesta paz com você.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Indefinições

Numa conversa com uma amiga-filósofa descobri que não podemos ter apenas uma definição para as pessoas.
Eu questionei ela com uma desesperado: “Quem é essa pessoa??”, me referindo a alguém cujas atitudes eu não entendia.
Ela me respondeu que ele era tudo aquilo junto.
Era bom e era mau, tinha caráter e não tinha, era amável e também cruel.
Ela disse: “Assim como você é esperta e idiota, é romântica e cética, é intolerante e perdoa”

Mas é assim que sou - eu não vou mudar...

é assim que ele é - ele não vai mudar - e eu não quero - porque, inexplicávelmente é assim que gosto dele.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Te vejo assim

Eu gosto de você porque você é cheio de defeitinhos.
Pior: você me mostra todos eles, sem pudor algum.
Gosto de você porque você não finge nada, não disfarça nada, não esconde.
Se você quer ir embora, levanta e vai.
Se quer ficar pra sempre, espera até ser arrastado.
Eu gosto de você porque você fala a mesma língua que eu.
A língua dos que estão aprendendo a falar.
Também porque você não regula abraços, não regula beijinhos (tenho que empurrá-lo), não regula palavras doces e não regula gasolina para ir ao meu encontro.
Eu gosto porque quando me perguntam de você, eu não sei por onde começar, tudo parece tão vago, foi tão assim do nada.
E isso eu adoro: você surgiu do zero.
Aprendi a gostar dos seus tantos erros, aprendi a entender os seus gestos, aprendi a querer o seu braço no meu braço.
Você teve que me ensinar. assim como eu também sinto que te ensinei.
E e os dias vão passando e as borboletas no meu estômago não passam.
Acho que elas querem morar aqui.
Sabe, eu gosto de você porque você não liga para Letras Maiúsculas e nem detalhes minúsculos.
É bem simples assim, como é simples e lindo o seu sorriso:
Eu gosto de você, e você gosta de mim.

domingo, fevereiro 08, 2009

Coleções

Sempre achei tão difícil montar quebra-cabeças...
Mas tenho vários guardados no meu armário cheios de peças faltando
Nem sei se conseguiria completá-los hoje.
O pior é que continuo com a mania de tentar montar e no meio
Descubro que aquilo não é pra mim,
Não nasci pra montar quebra-cabeças,
Sempre vai faltar alguma peça
Ou porque eu perdi
Ou porque ele veio com defeito
Ou simplesmente porque me falta talento e paciência para terminá-los.
Talvez eu devesse repensar o meu estilo de não terminá-los
Porque eu acho que meu armário está ficando pequeno para tantos que coleciono

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Próxima parada

Queria muito enxergar além da curva.
Saber quais são as outras paradas que me aguardam.
Eu sento no bonde e espero.
Mas eu queria tanto ja saber o que vai acontecer quando ele fizer a curva.
Eu sei esperar, juro que sei.
Só que para certas coisas não há como esperar, é preciso decidir em qual parada eu vou querer descer.
Está decidido:
Não tomo decisões e não faço nenhuma escolha
Até eu descobrir o que a estrada traz.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Thank You

A vida atropela as lágrimas que gostaríamos de chorar
As vezes, não nos lembramos nem o porquê delas mais.

A vida nos atropela ou nós nos atropelamos na vida?

Me lembro bem onde estive ontem
Mas não sei bem o que dizer das últimas duas semanas...
E assim vou me esquecendo do sorriso,
da risada e das lágrimas.

Não, do sorriso e da risada eu não esqueço...

Nada retórica

E quando tudo acaba, acaba tudo?

domingo, fevereiro 01, 2009

Única condição

Hoje eu estou triste. Estou triste e nada faz mudar o meu estado. Estou triste e não quero que ninguém me entenda. Não quero abraços, não quero palavras, não quero consolo. Não quero mais ficar triste, mas hoje é assim que eu estou.
Mas só por hoje!

Morte inesperada

Toda ilusão é dolorosa.
Dolorosa porque é ilusão.
E não passará disso, no estado permanente que algumas coisas tem.
Ela corrói o coração que fica ali, vulnerável a qualquer mariposa suja que repouse suas patas sobre ele.
Porque é como esperar que alguém que já morreu volte para a cama que deixou desfeita.
Ouvir palavras que jamais sairão da boca alheia, palavras ditas ao vento
Esperar que a verdade seja dita sempre, mesmo que seja dolorido.
Olhar pela janela e enxergar os raios do sol iluminando flores delicadas, enquanto uma chuva cai cinza e violenta sobre aquelas flores.
A gente pensa que a ilusão não mata, mas ela mata sim.
Ela nos mata devagarzinho, enquanto a gente não enxerga a chuva, mas sente ela caindo.
Mata enquanto a gente espera aquele que diz que vem, mas que sabemos lá no fundo que não virá.
É um enorme perigo deixá-la entrar, porque se ela se instalar sobre o peito
a gente passa a vida inteira morrendo,
lentamente,
inesperadamente...

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Momento de encantamento

já sentiu aquela sensação de quando acontece de você receber um carinho inesperado, num momento mais inesperado ainda, de quem você menos esperava?

E ai, você respira fundo e fica, óbvio, com um sorrisinho bobo no canto da boca, que teima em querer aparecer?

eu acabei de sentir

quarta-feira, janeiro 28, 2009

O melhor nada que fiz

Já que o nada nada tem
Que nada lhe resta
Que nada tem a perder
Lhe dedico linhas
Lhe dedico momentos
Talvez apenas segundos
Mas eu lhe dedico.
Porque um dia nada tive
Porque um dia eu hei de perder tudo também
Porque entre uma coisa e outra, existe nada.
Porque tudo surge
Do nada
E as vezes, nada, é tudo.

sábado, janeiro 24, 2009

Pavão de amor, Amor de pavão

O pavão abre sua cauda extravagante só para atrair o seu amor.
Sua cauda não tem outra função a não ser a de chamar sua fêmea. Ela se encanta pela cauda e não precisa fingir desinteresse.
Depois que a fêmea vê a cauda, ela acompanha o macho. Eles seguem juntos até o fim da vida de pavão. Observo de longe e tento decifrar pavões.
Queria ter uma cauda para me encantar.
Uma cauda que não me fizesse esperar um telefonema.
Uma cauda que viesse com a promessa de me amar e me proteger para sempre.
Quisera eu amar como um pavão.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

No meio dos meus medos

De todos os meus medos, só a morte que não me assusta, porque eu quero que ela se dane.
Não tenho medo da morte porque ela vai me matar de qualquer jeito, nem adianta tentar qualquer coisa.
O meu pai mesmo sempre fala com aquele jeito de sabe-tudo: "Impressionate, a única certeza que se pode ter é a morte."
Como eu poderia ter medo da minha única certeza?
Mas sabe, hoje eu acordei com um pouco de medo dela.
Não que eu ache que eu vá morrer daqui a pouco, mas eu fiquei com medo de ela chegar atrasada.
Eu não suporto esperar.
Imagine se eu fico sozinha esperando, e ela não vem?
Porque da solidão sim, dessa eu morro de medo.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Nossa espera

Não desista, a não ser que Deus dê um dos seus sinais invisíveis de que está na hora de partir.

E então, dê espaço para que a outra parte da sua história se inicie.

Mas espere, porque valerá cada segundo,

cada respiro,

cada sorriso,

cada lágrima,

cada recomeço.

Os números são infinitos para que haja chances para toda pessoa que entra no mundo.

Você entrou no mundo há pouco tempo, seu número ainda está sendo formado.

Durma de olhos abertos porque sua vez pode chegar a qualquer momento...

E não se esqueça que a espera é apenas temporária, não deixe que ela se torne permanente.

Enquando você está na sala de espera, vá olhar a paisagem colorida da janela.

Logo você será o autor de toda paisagem colorida.



ps: Danilita, querida amiga, especialmente para vc!!!

terça-feira, janeiro 20, 2009

Tempo voa

Às vezes o tempo parece que está de gracinha com a gente: ele brinca de não passar.

Tudo bem que na grande maioria das vezes ele passa depressa demais, mas às vezes ele para e deixa a gente com cara de relógio. Desses relógios bem antigos que rangem para virar os minutos.

O tempo é um tremendo de um sacana. Ele é todo sabichão e sempre faz tudo na hora certa, mas ele se esconde em momentos errados. Confude todo mundo de propósito.

A gente sempre espera que o tempo conserte tudo, como se ele fosse um santo milagroso. E é por isso mesmo que ele é um sacana: ele é um santo milagroso disfarçado de malandro.

domingo, janeiro 18, 2009

Meu universo

Naquele dia, o sol não me parecia tão grande quanto diziam os cientistas.
Ninguém jamais poderia botar os pés naquela bolinha amarela,
Porque era quente demais,
grande demais,
e tinha fogo demais.
Eu aqui com tanto frio.
Ele lá em cima, de fogo, sozinho.
Eu aqui embaixo, de pele, sozinha.
Ele rei soberano de toda a via láctea, sozinho.
Eu aqui, sozinha, tentando entender tanto fogo.
Ele solitário como eu.
Questionei todos os cientistas e a humanidade naquele dia.
O sol não é rei, não é o que manda nos movimentos da terra, não é quem define as estações.
O sol, para mim, é como eu:
apenas uma bolinha na solidão do universo.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Close to You - The Carpenters

a música mais linda do mundo nessa semana

Close to You
The Carpenters


Why do birds, Suddenly appear?
Everytime you are near
Just like me,
They long to be

Close to youWhy do stars,
Fall down from the sky?
Everytime you walk by
Just like me,

They long to be
Close to you
On the day that you were born
The angels got together and decided
To create a dream come true
So they sprinkled moondust in your hair
Of gold and starlight in your eyes of blue

That is why all the girls in town
Follow you all around
Just like me
They long to be
Close to you

Just like me They long to be
Close to you

Tradução

Por que os pássaros aparecem de repente
Toda vez que você está perto?
Assim como eu, eles querem estar
Perto de você

Por que as estrelas caem do céu
Toda vez que você passa?
Assim como eu, elas querem estar
Perto de você

No dia que você nasceu
Os anjos se juntaram e decidiram
Tornar um sonho em realidade
Então eles borrifaram pó da lua no seu cabelo de ouro
E o brilho das estrelas nos seus olhos azuis

É por isso que todas as garotas na cidade
Seguem você por todos os lados
Assim como eu, elas querem estar
Perto de você

Assim como eu, elas querem estar
Perto de você

domingo, janeiro 11, 2009

Encontros

Resolvi andar um pouco hoje. Às vezes eu resolvo ir andar.
Encontrei aquele velho senhor que eu encontrava quando caminhava com maior frequência.
Eu simplesmente acenei e iria continuar minha caminhada, mas ele falou:
-Como vai?
-Bem, e o senhor? -eu disse.
-Estou bem, faz tempo que você não caminha por aqui, antes eu te encontrava sempre...
Conversamos mais um pouco e eu estava prestes a virar, como pedia o meu trajeto, mas eu precisei seguir em frente para não deixá-lo falando sozinho.
Então, eu me dei conta de que minha insignificância é significante para um senhor que caminha todos os dias. Eu me dei conta que eu fiz alguma falta na vida de uma pessoa que não fez falta na minha. Eu, de fato, ocupo um espaço qualquer em um universo.Aquele senhor naquele momento ocupou um espaço no meu universo, porque ele sem se dar conta, mudou o meu trajeto.
Sabe, às vezes as pessoas nos fazem mudar nosso trajeto.

sábado, janeiro 10, 2009

Fragilidade

Já me apaixonei por causa de uma palavra que ouvi de lábios alheios.
Uma palavra.
Também já quis embora por causa de um gesto.
Um único gesto, ou na verdade, a falta dele.
Um abraço que ficou faltando.
É tudo tão frágil... Pode-se amar tanto em um dia, que mal se consegue respirar, e no outro dia, pode-se não sentir mais nada.
O amor pode, de repente, sumir...
Ir parar em algum barco solitário no oceano.
As coisas não tem volta.
E o barco pode ir embora com todo amor, pode ir parar em algum cais de algum lugar do mundo. Alguém pode abraçar aquele amor com tanta força, que ele pode não voltar mais para quem o deixou fugir...
As coisas não têm volta.
Há barcos por todo o oceano, cheio de coisas que pessoas não agarraram com toda força.
Afinal, tudo é tão frágil.
Um silêncio pode causar a despedida
E eu posso me apaixonar por causa de uma simples palavra.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Seguindo em frente

Eu até poderia escrever alguma coisa sobre uma ira qualquer do passado ou bem aqui do presente. Mas eu prefiro fingir que entendo, suspirar um pouco (como se isso me desse certo alivío) e continuar caminhando, deixando as coisas onde elas foram colocadas ou onde jamais estiveram.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Incertezas

Eu queria escrever alguma coisa, mas tenho medo que você leia e saia correndo.
Eu tenho um medo constante de que as pessoas saiam correndo, mesmo porque as pessoas estão no direito de saírem correndo.
Eu sempre saio correndo, bem mais do que o mundo todo.
Acabei de terminar uma longa corrida, e não venci, porque não era dessas corridas que alguém na frente ganha.
Não sei porquê exatamente, mas acho que eu não vou correr de você.
Só que eu não tenho certeza ainda.
Então eu deixo o meu tênis ali, só para garantir.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Desperdício

Faz um tempo que eu já não consigo mais contar as horas
Eu olho para o meu relógio
Vejo esses números todos dançando em círculo
E eu só consigo entender que mais um dia está chegando ao fim
Ele parece que rouba o sol, a claridade do mundo
Prefiro que as horas passem despercebidas
Ou simplesmente não passem
Assim, dói menos o desperdício de mais um dia
Assim, dói menos o ter que ir embora

Sem tudo que me falta, sem tudo que mais quero

domingo, janeiro 04, 2009

Aquele sorriso

Ontem eu vi um sorriso que parecia o sol
Largo
Grande
Demorado
Encantado
Daqueles que parece sair raios de luz
E ilumina tudo que estiver por perto
É um sorriso assim que cativa, que te deixa sem saída
Um sorriso que nenhuma tristeza conseguiria apagar
Daqueles sorrisos que mal humor nenhum poderia vencer
Um sorriso que enfrenta o mundo e faz tudo valer
Um sorriso que te faz acreditar que tudo pode acontecer
É um sorriso que faz teu coração querer saltar para fora
E sair enfrentando o mundo dizendo que pode tudo
Eu fiquei olhando aquele sorriso... minunciosamente
Como quem quer guardar aquela imagem eternamente
Mas eu corri o grande risco, de me perder por aquele sorriso