sábado, fevereiro 28, 2009

Coisas minhas

hoje eu vi um velho amigo, que sempre me faz lembrar das coisas da minha vida...

... e de repente, me deu vontade de vomitar todo o meu peito....
todas as minhas lembranças
boas e ruins, de longe e de perto

só para que ele se encha de novo...

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Deserto em mim

A cor dos meus olhos é castanho-esverdeados.
Ao olhar para eles, é essa cor que se vê.
Eu, no entanto, quando olho para meus próprios olhos no espelho
Vejo a mesma cor da areia do deserto.
Desses desertos bem vazios mesmo.
Sem oásis,
sem caravanas de árabes,
sem rastros de algum jipe que se perdeu,
sem lagartos ou escorpiões
(talvez um pequeno escorpião-filhote se esconda por debaixo de alguns grãos).
Não me desanima abrigar esse deserto em meus olhos.
Foi num desses desertos bem vazios que o piloto de um avião encontrou o Pequeno Príncipe.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Ainda vejo a poesia da vida

A poesia está nas suas mãos, no suor do fim do dia, nas covinhas do seu filho.
E talvez você não tenha filhos, o dia esteja frio e não haja suor.
Mas o seu olhar triste no espelho, o gosto doce da fruta, o sol de inverno são poesias.
Você é todo feito de poesia.
Mesmo na razão dos seus projetos, na certeza que você tem de tudo, na raiva do passado
É poesia. Você é.
Porque sente a vida transbordando nas suas mãos, porque sabe onde está agora.
Porque tudo é feito de desejos, de amor e de incerteza.
E ás vezes, as incertezas te levam longe ou para perto dos seus sonhos.
Basta entendê-las e transformá-las em desejos, que nem sempre se tem controle.
Você não manda nos seus desejos
Você não manda no rumo do destino
Tudo pode dar certo assim como tudo pode dar errado
E derrubar toda a sua razão em um segundo
E isso é a poesia da vida.

domingo, fevereiro 22, 2009

Ainda espero

Lembro de sempre ter chorado quando eu perdia, quando eu sofria.
Sentia um nó na garganta e as lágrimas caíam, sem eu precisar me esforçar.
Mas dessa vez eu não chorei.
E perdi feio.
O nó na garganta veio e ficou.
Não sei se me tornei uma pessoa orgulhosa que não sabe mais chorar de si mesma, ou se as lágrimas estão em algum lugar, apenas esperando para aparecer numa situação banal – quando eu furar meu dedo no espinho de uma flor, por exemplo.
Nem sei por que perdi.
Porque não fui o suficiente talvez, mas nem um “não te quero porque você é feia, chata" ou qualquer outra coisa eu recebi.
Nem um telefonema pra me explicar porquê.
Talvez tenha me dado por vencida muito cedo e não levei em consideração que podem acontecer reviravoltas um tanto quanto inesperadas.

Talvez a esperança tenha sido a responsável por segurar minhas lágrimas do lado de dentro.

sábado, fevereiro 21, 2009

Nossa hora

Oito horas e quarenta minutos.

Eu estou aqui e você?

Deixa estar...

Qualquer hora pode ser oito horas e quarenta minutos em qualquer lugar do mundo.

Eu estou aqui agora e você está aí.
A dor da saudade se acabou às Oito horas e quarenta minutos.
Essa é a nossa hora, este é o nosso encontro, esse é o nosso instante.

Eu estou aqui e você onde está?
Qual é a nossa próxima hora?
Quando é o nosso próximo encontro?
Onde é o nosso próximo instante?
Eu fui lá fora ver se você estava chegando as oito horas e quarenta minutos.
Mas que importa? Não importa.

Deixa estar...

Em qualquer lugar do mundo pode ser Oito horas e quarenta minutos,
E é lá que eu estarei à sua espera, sempre.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Coisas que ando aprendendo - II

Ando aprendento que não existem caminhos certos ou errados...
Se eu percorrer o mesmo caminho dezenas de vezes, posso nunca perceber todas as suas falhas, mesmo se tropeçar todas as vezes exatamente no mesmo lugar - as pegadas não estão ali para serem lembradas e alguns caminhos se tornam seguros apesar dos tropeços.
De qualquer jeito, apenas eu vou saber por onde passaram minhas pegadas, mesmo que elas sejam apagadas, ou a memória já não funcione tão bem, em algum lugar elas vão estar muito bem guardadas - e só eu vou poder responder por elas.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Hora a mais

Enquanto o dia ganhava uma hora, um gato comia ração. Uma folha seca caía de uma árvore velha e uma mãe gritava com um filho. O ponteiro de todos os relógios ficou parado, porque estava na hora de acabar com o horário de verão. Até o ponteiro do relógio daquela professora malvada ficou parado. Bem feito: ela esperava o marido chegar. A noite que já era longa, ficou mais longa, e a música não parou de tocar, porque ainda tinha uma hora de festa. Um avião que passava ali por cima avisou os passageiros: "Voltem uma hora nos seus relógios!" E todos os passageiros sorriram: "Ganhamos uma hora!". Enquanto os bombeiros não apagavam nenhum fogo que não acontecia naquela hora, eu, distraída, deixei a hora passar. Os ratos imundos entravam nos esgotos, as bolas de basquete pingavam no chão, as nuvens formavam suas chuvas, as barrigas de mães grávidas cresciam mais uns centímetros. E eu poderia ficar feliz que ganhei mais uma hora para o meu dia. Eu poderia sorrir ou celebrar, como todos faziam. Poderia tomar uma taça de champagne e me alegrar. Mas eu não, eu não me alegrei.

domingo, fevereiro 15, 2009

Coisas que ando aprendendo

Com o passar dos dias, as coisas deveriam ficar mais fáceis.
Mas não ficam.
A cada dia, fica mais longe o que poderia chamar de tranqüilidade. De resolução. De completo. Dizem que o tempo é o melhor remédio e eu concordo. Mas é um remédio homeopático. Custa a passar a angústia. Custa a aliviar o sentimento de pressa, de aperto e de desespero. Eu mesma não sei como. Não tenho paciência com o tempo. E paciência é a única condição que ele impõe; a única súplica que ele faz. O tempo cura, mas a arma que mais fere está sempre com você, dentro de você. A sua consciência zomba da sua ingenuidade, das suas atitudes e não cansa de criticar, pressionar e machucar. “Não importa aonde você vá, você sempre estará lá”. O engraçado é que vivemos a vida inteira tentando provar aos outros nossos valores, nossa competência, nosso amor, nossa dedicação, nossa fidelidade, nossa honestidade, nossa fé e nossa verdade. Vivemos toda a vida tentando provar quem somos. Pra quem? Esquecemos que quem precisa de provas constantes, de pedidos de perdão e de tudo que passamos a vida inteira tentando mostrar, somos nós mesmos. Aceitar que os nossos valores muitas vezes são falhos; que não somos tão competentes quanto achamos; que o nosso amor é abalado mesmo que verdadeiro; que a nossa dedicação é escassa e deixa a desejar; que a nossa fidelidade pode fraquejar; nossa honestidade nem sempre tão honesta assim; que a nossa fé é duvidosa; e que nossa verdade não passa de uma grande mentira. Queira amor, mas também ame. Ande ao lado de alguém, mas queira estar lá. Decida, mas não demore, pois podem decidir por você. Seja feliz, mas faça alguém feliz também. Abrace, cuide e apóie. Segure, proteja e sinta. Seja o travesseiro de alguém, ou o cobertor, mas não abra mão do seu conforto e do seu calor. Peça perdão, mas também perdoe. Perdoe a si mesmo pelos erros cometidos, pelo que fez e pelo que deixou de fazer.
Aceite e se perdoe.
Viva em paz.
E deseje que alguém, aquele alguém, viva nesta paz com você.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Indefinições

Numa conversa com uma amiga-filósofa descobri que não podemos ter apenas uma definição para as pessoas.
Eu questionei ela com uma desesperado: “Quem é essa pessoa??”, me referindo a alguém cujas atitudes eu não entendia.
Ela me respondeu que ele era tudo aquilo junto.
Era bom e era mau, tinha caráter e não tinha, era amável e também cruel.
Ela disse: “Assim como você é esperta e idiota, é romântica e cética, é intolerante e perdoa”

Mas é assim que sou - eu não vou mudar...

é assim que ele é - ele não vai mudar - e eu não quero - porque, inexplicávelmente é assim que gosto dele.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Te vejo assim

Eu gosto de você porque você é cheio de defeitinhos.
Pior: você me mostra todos eles, sem pudor algum.
Gosto de você porque você não finge nada, não disfarça nada, não esconde.
Se você quer ir embora, levanta e vai.
Se quer ficar pra sempre, espera até ser arrastado.
Eu gosto de você porque você fala a mesma língua que eu.
A língua dos que estão aprendendo a falar.
Também porque você não regula abraços, não regula beijinhos (tenho que empurrá-lo), não regula palavras doces e não regula gasolina para ir ao meu encontro.
Eu gosto porque quando me perguntam de você, eu não sei por onde começar, tudo parece tão vago, foi tão assim do nada.
E isso eu adoro: você surgiu do zero.
Aprendi a gostar dos seus tantos erros, aprendi a entender os seus gestos, aprendi a querer o seu braço no meu braço.
Você teve que me ensinar. assim como eu também sinto que te ensinei.
E e os dias vão passando e as borboletas no meu estômago não passam.
Acho que elas querem morar aqui.
Sabe, eu gosto de você porque você não liga para Letras Maiúsculas e nem detalhes minúsculos.
É bem simples assim, como é simples e lindo o seu sorriso:
Eu gosto de você, e você gosta de mim.

domingo, fevereiro 08, 2009

Coleções

Sempre achei tão difícil montar quebra-cabeças...
Mas tenho vários guardados no meu armário cheios de peças faltando
Nem sei se conseguiria completá-los hoje.
O pior é que continuo com a mania de tentar montar e no meio
Descubro que aquilo não é pra mim,
Não nasci pra montar quebra-cabeças,
Sempre vai faltar alguma peça
Ou porque eu perdi
Ou porque ele veio com defeito
Ou simplesmente porque me falta talento e paciência para terminá-los.
Talvez eu devesse repensar o meu estilo de não terminá-los
Porque eu acho que meu armário está ficando pequeno para tantos que coleciono

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Próxima parada

Queria muito enxergar além da curva.
Saber quais são as outras paradas que me aguardam.
Eu sento no bonde e espero.
Mas eu queria tanto ja saber o que vai acontecer quando ele fizer a curva.
Eu sei esperar, juro que sei.
Só que para certas coisas não há como esperar, é preciso decidir em qual parada eu vou querer descer.
Está decidido:
Não tomo decisões e não faço nenhuma escolha
Até eu descobrir o que a estrada traz.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Thank You

A vida atropela as lágrimas que gostaríamos de chorar
As vezes, não nos lembramos nem o porquê delas mais.

A vida nos atropela ou nós nos atropelamos na vida?

Me lembro bem onde estive ontem
Mas não sei bem o que dizer das últimas duas semanas...
E assim vou me esquecendo do sorriso,
da risada e das lágrimas.

Não, do sorriso e da risada eu não esqueço...

Nada retórica

E quando tudo acaba, acaba tudo?

domingo, fevereiro 01, 2009

Única condição

Hoje eu estou triste. Estou triste e nada faz mudar o meu estado. Estou triste e não quero que ninguém me entenda. Não quero abraços, não quero palavras, não quero consolo. Não quero mais ficar triste, mas hoje é assim que eu estou.
Mas só por hoje!

Morte inesperada

Toda ilusão é dolorosa.
Dolorosa porque é ilusão.
E não passará disso, no estado permanente que algumas coisas tem.
Ela corrói o coração que fica ali, vulnerável a qualquer mariposa suja que repouse suas patas sobre ele.
Porque é como esperar que alguém que já morreu volte para a cama que deixou desfeita.
Ouvir palavras que jamais sairão da boca alheia, palavras ditas ao vento
Esperar que a verdade seja dita sempre, mesmo que seja dolorido.
Olhar pela janela e enxergar os raios do sol iluminando flores delicadas, enquanto uma chuva cai cinza e violenta sobre aquelas flores.
A gente pensa que a ilusão não mata, mas ela mata sim.
Ela nos mata devagarzinho, enquanto a gente não enxerga a chuva, mas sente ela caindo.
Mata enquanto a gente espera aquele que diz que vem, mas que sabemos lá no fundo que não virá.
É um enorme perigo deixá-la entrar, porque se ela se instalar sobre o peito
a gente passa a vida inteira morrendo,
lentamente,
inesperadamente...