quinta-feira, julho 23, 2009

Reencontro dentro de mim

Foi assim.
Olho no olho.
Apertando as duas mãos.
Sem sinal de sorriso,
sem palavras,
sem piscar
que descobri aqui dentro
minha coragem.

domingo, julho 19, 2009

... Eu vejo flores em você...

...Na verdade o barulho lá fora são só as árvores se mexendo, e chuva também
Mas o que parece é barulho de mar num daqueles dias de férias de romance de verão, de friozinho na barriga para o dia seguinte e ansiedade para entrar no mar, beber água de côco... É um barulho de ondas que dá vontade de ficar acordada ouvindo para sempre
Para essa sensação nunca passar...

segunda-feira, julho 13, 2009

Na chuva de anteontem

Cai chuvinha
Lava tudo
Lava meus pensamentos confusos
Molha as plantinhas lá fora
Traz vento novo, sol novo, alegria nova
Faz barulhinho na janelal
Leva recado pra longe
Limpa passado que é passado
Chove muito muito
Para amanhã tudo ficar mais claro

sábado, julho 11, 2009

Superficialidades da vida

Atualmente as coisas se tornaram descartáveis.
Nada de guardar para sempre, nada de comprar para vida toda.
Puro descarte.
O tempo já foi mais estático, mais sólido.
Agora não, esqueça.
Somos a geração da água. A água se adapta, evapora, água some, renasce diferente.
Modernidade líquida, minha gente, modernidade líquida.
Eu, influenciada por essa tendência biruta de que o mundo nada mais é do que um descarte, mandei ver. Descartei coisas, descartei palavras importantes, descartei músicas como faço quando enjôo do meu ipod.
Descartei isso e aquilo e é claro, descartei pessoas. Cabeleireiros, manicures, e todo tipo de ser vivo que não atendesse às expectativas, seguindo o raciocínio de que a oferta é sempre maior que a demanda.
Tchau, adios, bye, dizia eu.
Até que um dia minha tartaruga errou o caminho, e eu a descartei. Mas ela, atrasada como qualquer tartaruga, não sabia nada dessa história de modernidade líquida, e não aceitou.
Falou-me sobre o individualismo das pessoas, o quanto o ser humano de hoje só enxerga o que quer. Reclamou da superficialidade das relações e dá falta de vontade pra perdoar, dar uma chance e entrar em contato com os sentimentos.
É mais fácil descartar mesmo! Gritava ela, o diálogo se esvaziou, os sentimentos não são mais intensos...
E foi então que realizei o mal do século.
A pequena tartaruguinha, com sua sabedoria milenar, não me descartou.
Mostrou-me o quanto é gostoso cultivar uma amizade e lutar por ela.
Obrigada tartaruguinha, por me mostrar que o amor engloba o perdão, o aprender e o lutar. Estava quase corrompida pelo sistema, agora não mais descarto.

quinta-feira, julho 09, 2009

Perguntas sem respostas

Não fico mais me perguntando para que servem as coisas. Por que que eu sinto de tal forma com relação a algumas pessoas e a outras eu sinto exatamente o contrário. Não me pergunto mais do que são feitas certas pessoas e por que tanta gente não vê o que eu vejo. Eu não pergunto mais. Talvez eu tenha enjoado de tanto buscar algo que não vai me tirar deste lugar. talvez eu não tenha mais aquelas curiosidades antigas. E talvez eu saiba, talvez eu simplesmente saiba, que a resposta é tão misteriosa quanto todas as minhas perguntas...

segunda-feira, julho 06, 2009

É pedir demais querer ver-te hoje?
E amanhã,
e depois,
e depois
e o dia depois disso?

sexta-feira, julho 03, 2009

O dia que fui estrela

"Ainda fiquei por algum tempo sentado na escadinha em frente a porta
Ainda achei que dava para esperar mais um pouco antes de trancá-la
Mas a noite veio e ninguém apareceu
Levantei, dei mais uma olhada, olhei o céu se apagando atrás das montanhas, vi os pássaros se recolherem, os grilos saírem, o uivo rasgar a pastagem, o vento parar e me ensurdercer com seu silêncio
Era um lugar lindo, mas vazio
Ninguém veio, cansei, fechei a porta
Fechei mesmo, com cadeado e corrente, e deixei espinhos na maçaneta
Joquei a chave no lago que havia mais abaixo
Peguei a estradinha de terra, estreita e escura, e sem me despedir, segui meu caminho deixando todos meus desejos, sonhos e esperanças no baú do terceiro quarto à esquerda, no segundo andar
No céu tinha uma estrelinha linda, que brilhava muito pouco, mas estava lá entre todas as outras, praticamente imperceptível

Mas me encantou aquele brilho fraco mas insistente
Resolvi subir na lua, como sempre fiz, para poder vê-la melhor
Quando cheguei não estava mais lá
Cansado e decepcionado, me enconstei em uma pedra e cochilei um pouco
Acordei e ainda era noite, resolvi voltar pra minha estradinha e continuar meu caminho
Foi quando notei uma certa luminosidade naquela porta em frente a escadinha
Pensei muito antes de decidir verificar o que seria
Quando cheguei na escadinha vi que a porta não havia mais, e uma luz forte vinha de dentro, principalmente na janela do terceiro quarto à esquerda, aquele do segundo andar
Era a estrelinha, ela veio a mim e entregou as coisas que estavam trancadas no baú
Tudo estava quente novamente, a luz penetrou em todos os ventrículos e átrios da casa, que voltou a pulsar e iluminar todo o resto
Tudo está limpo, agora posso ficar, pra sempre

Não estou mais sozinho nem com medo, a estrelinha está aqui, cuidando de mim..."

ps: presente de uma época em que o céu era sempre estrelado, não importava-se o quão nublado estivesse...