quinta-feira, março 31, 2011

Aquele dia, aquela noite, tudo que senti

Deitei minha cabeça no peito dele. Ele nem imagina, mas algo extraordinário aconteceu: eu ouvi o coração dele pulsando, lá de dentro. Com a outra orelha eu pude escutar os sons da rua, das pessoas passando, dos carros, das plantas. Não sei como explicar ele estando lá, vivo, bem do meu lado, e as pessoas andando na rua, as ambulâncias, as folhas das árvores balançando. Ninguém parou, nem por um segundo. O coração dele também não. Ele respirava, o coração batia, e eu ali, participando da vida dele. O meu coração batia também, mas ninguém ouviu. Há tempos corações batem dentro das pessoas, e eu descobri o dele.

quarta-feira, março 23, 2011

Você tem medo de dizer eu te amo?


Uma partezinha de mim sempre espera que talvez, de vez em quando, ou até de vez em nunca, você esteja andando pela rua e lembre-se da minha existência sem motivos, ou simplesmente porque queria me contar uma piada.
E, eu penso em você assim, do nada, enquanto estou procurando um endereço no mapa, ou às vezes esperando a cafeteira esquentar, e inevitavelmente, surge um sorriso no meu rosto.
Talvez por isso eu tenha me conformado a fazer uma ínfima parte da sua vida, quando o que eu queria era fazer parte de toda ela.
Agora tem aquela voz, lá no fundo, dizendo-me coisas que não quero pensar.
Eu a chamo de loucura, mas mais loucura é não ouvi-la.
Posso também a chamar de desilusão, mas estou loucamente a ignorando.
Talvez porque, assim como Tan Hong Ming, eu espere descobrir que você também, tem algo a me dizer.

domingo, março 13, 2011

Ar nosso de cada dia

Tento lembrar de respirar, mas é tão complexo esse processo de puxar algumas moléculas do ar e soltar outras. Me falha a respiração e por isso perco todos os movimentos. Só consigo pensar e nada mais. Claro que os pensamentos não são lineares e enquanto eu penso que estou caindo em um abismo, porque estou há muito tempo sem respirar, eu penso em outras coisas também. Respira, respira, puxa ar, solta ar. O que estou fazendo aqui, por que você está ao meu lado? O que você quer comigo? Por que eu gosto tanto de você, de tocar na sua mão? Eu não sei. Voltei a respirar. Voltei a ser eu, voltei a estar aqui. Esqueci tudo que eu estava pensando, me dá a sua mão, porque eu quero segurá-la. Não me importam motivos. Eu não quero saber o que te traz aqui, desde que eu continue respirando.

segunda-feira, março 07, 2011

um pouco de mim

Não que eu seja das mais inteligentes.
Sou insegura como qualquer mulher da minha geração
Tenho dentro de mim fogos de artifício e a mania de perguntas.
A curiosidade que não me abandona e a memória de peixe.
Me apaixono por qualquer assunto e o esqueço com a sombra do seguinte.
Sou dessas pessoas que de tanto querer novidade me passo por criança e de tanto aconselhar, me passo por madura.
Mudo de cor como o céu de sul do país,
Mudo de humor dependendo da batida.
Sou dessas pessoas que é fácil fazer chorar e mais fácil ainda fazer rir.
Sou dessas pessoas que andam descalça
Sou dessas pessoas que tem saudade de casa
Sou igual a toda e qualquer mulher: louca para se achar e mais louca ainda para se perder

é apenas saudade

Vim tão preparada, vacinada, treinada, que quando os sentimentos me invadem violentamente, eu apenas os analiso. Eu sabia que eles viriam, eu sabia que eles fazem parte do processo e acho que por isso mesmo sinto-me tão leve. Quando eles chegam - como hoje que sinto tanta saudade - eu sorrio. Sentir saudade me faz completa.

quinta-feira, março 03, 2011

Alguns pecados

Talvez eu seja apenas e nada mais que uma pecadora.
Peco por não me apegar a nomes e esquecer os números.
Peco por estar corpo presente e mente ausente,
Peco por insistir em entender o interior, enquanto o mundo vive o exterior,
Peco por acreditar que tristeza e melancolia fazem o homem mais completo,
Peco por sonhar acordada enquanto o mundo mal dorme,
Peco por dormir sábado a noite enquanto o certo é curtir a juventude e peco por ser 100% cafona, enquanto o mundo é muito, muito fashion.