quarta-feira, setembro 24, 2008

Pegadas


Ainda que teus pés não caminhe mais com os meus...
Ainda que nossos caminhos não se cruzem nunca mais
Ainda que os destinos não seja mais o mesmo
Ainda que a chegada não seja na mesma hora
Ainda que você tome um atalho ou eu mude o rumo
Ainda que o vento nos leve para lugares distantes e encha nossos olhos com outras paisagens

Nada... nada apagará nossas pegadas
Aquelas que se confundiam por estarem no mesmo caminho
Aquelas que sempre iam no mesmo sentido
Aquelas que mesmo contrariadas eram seguidas e reencontradas
Aquelas que ás vezes eram em passos largos tamanha era a vontade de se chegar
Aquelas que às vezes eram em passos curtos tamanha era a vontade de ficar
Ficar naquele momento e tornar tudo eterno

Aquelas... aquelas pegadas
Que ficaram guardadas e se perderam uma da outra
Neste nosso caminho.

terça-feira, setembro 23, 2008

Individualidade

É, houve um tempo,
um tempo que eu perdi,
perdi, com o meu amado, à mim mesmo...
e à mim mesmo esqueci

Mas continuei vivendo neste mundo,
mesmo sem mais lembrar-me de mim,
sem lembrar que o caminho não era mais aquele
a seguir

Sem lembrar seu rosto ,
E enxergar o meu

Perdida que estava,
dentro desta casca que me tornei..
em cujo interior vazio,
ainda se escondia,
essa falta que sentia,

Não sei se de seu rosto ou do meu.

domingo, setembro 21, 2008

Meu avesso

Tudo está pelo avesso. Pessoas buscam as coisas que eu diria estar "de trás pra frente". Algumas acham ter encontrado alma gêmea baseado em seus gostos comuns. Quanto mais coisas que ambos "curtem", maior a possibilidade de o relacionamento dar certo. Mais uma vez, estou correndo para outro lado. Não procuro semelhanças nas pessoas. Estas, creio virem com o tempo, caso haja uma sintonia mais do que natural entre os dois e em vez disso, analiso um aspecto verdadeiramente importante: as diferenças. Estas sim, contam pontos na hora de a razão permitir ou não ao coração sentir.
Alguém que não me acompanhe, que não tenha meu pique ou (temerivelmente) vice-versa, certamente não terá como me prometer a felicidade eterna. Aliás, esta tal é nada mais do que uma utopia boba, à qual insisto em me prender para justificar a minha patética auto-suficiência. Às vezes, conflito-me comigo mesmo em pensar se devo viver a vida como resolvo uma equação de álgebra ou apenas passo a viver como as outras pessoas, as quais acho tão incautas, quando estão simplesmente tentando ser feliz... O tempo passa e perco forças nesta briga de mim comigo, quando o objetivo é entregar-me ou não. Algumas vezes penso ser bobagem perder tanto tempo pensando sobre isso. Em outras, imagino o quão incerto é o destino de quem age unicamente com emoção.
Na verdade, resumindo, penso estar perdendo um certo tempo com isso, podendo simplesmente estar vivendo. Coloquei de há muito em minha cabeça que quem amo pode me fazer muito mais mal que meu pior inimigo. Simples: o inimigo precisa investir contra mim para ver meu sofrimento. Quem eu amo, basta sumir. A imaturidade de condicionar a minha felicidade ao "bom-humor" de outra pessoa parece para mim alguém que tem medo de sair além da própria quadra onde mora. As redondezas não devem ser tão perigosas quanto imagina a minha "neurose" (entre aspas, antes que alguém diga que não sei de que estou falando).
Bom, deixe-me pensar mais um pouquinho sobre minha vida para ver o que realmente quero. Estas confusas divagações CERTAMENTE serviram muito mais para mim do que para qualquer pessoa que possa lê-las.
Até depois...

sábado, setembro 20, 2008

Palavras não ditas

O dinheiro que encontro no chão, a festa do ano novo, o lugar vazio no carro.
Um dia esperado, um dia improvisado, para qualquer coisa, sem você.
Então criei meu céu nebuloso e tentei não ficar com cara feia.
Ao descobrir que desisti da vida, quando te vi atrás da porta.

- Alô? Mãe, ele me deixou.
- Filha, calma, ele só vai desocupar um lado da cama e reduzir pela metade a conta de telefone.

Cortei com serrote a sua parte.
A cama já não serve mais,tentei que virasse solteiro.
Mas ele não superou, virou lixo.
Vendi o carro, comprei em cigarro e café
Vendi o carro, estou andando de cigarro e de café
Vendi o carro pela metade do preço que você sugeriu.

Desculpa?

Embalei o álbum em papel camurça.

- Que eu faço com as coisas que ele deixou aqui?
- Dá embora.

Sem perceber, copo na mão, aquele vinho que ficamos de abrir qualquer dia desses, televisão chiando, caneta nos dentes, cigarro molhado no café.
Pego o álbum, e aquelas fotos mal escolhidas.
Te ligo.
Na foto do buquê sua tia avó aparece lá atrás dormindo.
São quarenta e cinco, no total.
A capa azul não me agradou, mas você queria mesmo assim.
Mas o som da festa sim, tocou Roberto Carlos, Eu te amo.
Não gosto do seu sorriso da terceira de trás para frente, parece forçado e forjado.
Desculpa.
Não vou poder continuar por hoje,
Preciso tomar banho. Não sei.
Amanhã te vejo?
Aonde?
Pode ser lá na casa dos seus pais,
Aquela décima segunda, que eu apareço segurando a sua mão e olhando pra câmera errada.
Então tá, até amanhã meu...
O telefone já estava mudo.

domingo, setembro 14, 2008

Está acontecendo algo

Está acontecendo algo em mim, ao meu redor, em volta dos outros
Um não sei o quê, sem saber quando
Um sintoma de vazio
Uma insatisfação que não explode de medo e nem se defaz na felicidade
Do medo de algo indefinido e da felicidade de algo distante
Não sei dizer se é só aqui ou em todas os lugares
Mas, que esá acontecendo "alguma coisa" está
Uma desesperança...
Um desencanto...
Uma deslealdade...
Um desequilíbrio...
Um destempero...
Um despreparo...
Uma desilusão...
Um desgoverno...
Um desinteresse...
Um desleixo...
Uma vontade de parar e nunca mais se mexer
Uma vontade de se mexer até cair parado
Uma ânsia de escutar as respostas do que não se pergunta
Uma angústia de não saber a quem perguntar
Talvez você não entenda...mas você sente...
Sente no peito...na cabeça...nas mãos...nos cabelos...nos bolsos
Que está acontecendo "alguma coisa" está
Uma coisa vaga...indefinível...preenchendo tudo...
Envolvendo tudo, e não deixando nada

terça-feira, setembro 09, 2008

Estou tentando terminar um "poema"... e está bem difícil, não quer sair de jeito nenhum...
Mas nas minhas leituras diárias, encontrei este texto bem legal, de uma escritora super bacana que gosto muito... Fernanda Yong, para quem, como eu, deixa os melhores momentos da vida passarem por vários motivos, esses muitas vezes sem importância, refletir e mudar.. porque, o tempo não para...


Ao tempo perdido
Fernanda Yong

Onde você foi parar?
Como que você some assim, de repente, sem avisar?
Por onde você escapou, que eu não vi?
Contava com a sua presença para fazer algumas coisas, que adoro, mas para as quais não me sobra mais nem um minuto.
Dizem que o tempo perdido não volta jamais, no entanto custo a acreditar que você seria capaz de me largar dessa maneira depois de tudo que vivemos.
Será verdade que o tempo é cruel? Terão sido em vão os lindos momentos que desperdiçamos juntos? As horas e horas pensando besteiras, com minhas intermináveis elucubrações?
É, quando se é jovem, o tempo que se perde não faz tanta falta.
Você passava e eu nem ligava. Agora, corro atrás de cada instante que, um dia, joguei fora sem dar a devida atenção.
Querido tempo, queria muito que você voltasse.
Poderíamos ir a um cinema, jantar fora, passear à toa pelas calçadas.
Com o tempo ao seu lado, a vida definitivamente fica mais fácil.
Sei que você não pára, que também está sempre na correria, como eu, contudo não perco a esperança de ainda ter você inteiro, só para mim.
Vejo, no espelho, as marcas que você me deixou, e muitas outras delas quero ter antes de a morte chegar.
O que posso prometer para que você retorne?
Que eu vou aproveitar você melhor? Que vou dar mais valor às suas sábias lições? Que não te perderei mais por bobagens?
Ajoelho-me diante de você, inestimável tempo, e juro: nunca mais vou vacilar contigo, pois sei que todos te querem e desejam.
As mulheres mais lindas e os homensmais ricos perseguem você por todos os lugares, oferecendo de tudo para ter mais um pouco de sua companhia.
Tudo gira em torno de você, tempo, eu sei. Poetas te cantam, gênios te estudam, líderes te seguem.
E eu continuaria dias e dias tecendo as mais belas considerações a teu respeito, mas temo que estaria perdendo ainda mais de você fazendo isso.
Devo, entretanto, avisar que não pretendo te esquecer nem deixar você em paz.
Pode correr, pode fugir, que vou em busca de você, onde estiver.
Cancelarei compromissos, emendarei feriados, mas tenho certeza de que te encontrarei de novo. Nem que seja porum só segundo.
Quem sabe, então, quando estivermos frente a frente, verei que você não se foi em vão, que foi porque tinha mesmo de ir, passando em silêncio como o tempo deve passar.E que, na sua falta, não o terei perdido, porém eternizado.Saudades...