domingo, dezembro 19, 2010

Medida do tempo

Em cada presente, a mensagem tem um sentido.
A minha percepção de existência está balizada pelo contexto tempo, mais que pelo espaço.
Uma mesma mensagem, cinco minutos depois, não me vale mais nada.
Passaram- se cinco minutos.
Não sou eu que defino o tempo, mas sou eu que envelheço com ele.
Sou eu que transformo as palavras em jóias, para destruí-las, logo após.
Ou transformo um diálogo em lei, uma vida em nada.
Na minha mensagem de hoje falo de paz.
Peço que o tempo afaste minha ansiedade e me dê paz.
No meu presente, faz todo o sentido.
No presente seguinte, rasgarei tudo.
Nesse presente, ela se faz necessária.
Existimos através da medida tempo.
Presos e crucificados a ela.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Mudança a vista

Eu não sei se é tempo de ficar ou ir embora, mas escolhi ficar.

Ouço a chuva caindo, e lembro daquela aula na faculdade, quando me disseram que a chuva nos filmes é sinal de mudança. Sempre penso nisso quando chove, será que a vida também faz sinais subliminares? E se não captarmos eles, e se não captarmos um sinal que diga que é melhor não ficar? Recebo convites e discretamente os rejeito. Não tenho vontade de aceitar mais nada, finalmente acho que estou no lugar certo. É uma combinação de sorte, destino e distração. Eu, distraidamente aceitei os seus convites por achá-los leves. Por sorte foi tudo leve de fato, e pelo destino e escolha minha, aqui eu fiquei.

Enquanto isso, chove lá fora, acho que é sinal de mudança.

domingo, dezembro 12, 2010

Quando Nietzsche e eu choramos

“Houve uma época em nossas vidas em que estávamos tão próximos, que nada parecia obstruir nossa amizade e fraternidade e apenas uma ponte nos separava. Quando você ia subir na ponte, eu lhe perguntei: “você quer atravessar a ponte até mim?’ Imediatamente, você deixou de querê-lo e, quando respondi a pergunta, você ficou silente. Desde então, montanhas, rios torrenciais e o que quer que separe e aliene interpuseram-se entre nós e, mesmo que quiséssemos nos reunir, não conseguiríamos. Agora, ao pensar no pontilhão, você perde as palavras e soluça e se maravilha”.
... “uhm, é uma historieta curiosa, vamos analisá-la. Uma pessoa está prestes a atravessar a ponte, ou seja, a se aproximar da outra, quando a segunda pessoa a convida a fazer exatamente o que planejara. Com isso, a primeira pessoa não consegue mais dar o passo, porque agora pareceria estar se submetendo à outra....”
E eu, mais uma vez, fiquei a esperar. Não sei se uma hora, um dia ou uma eternidade. O tempo das expectativas muda os ponteiros...

quarta-feira, dezembro 08, 2010

E aquela música do U2 que diz "I still haven't found what I'm looking for" faz cada vez mais sentido. Mas o still tem que terminar em algum momento, não? Uma hora, a gente acha o que procura.


Só estou cansada de buscar. E de tentar achar novos caminhos.

domingo, dezembro 05, 2010

I Ching do dia Segunda-feira 6 Dezembro

Hsien: A Atração,

Este é um momento farovável para você, se deseja iniciar ou melhorar uma relação a dois. Agora há, de fato, uma grande harmonia entre as forças do cosmo: a situação é favorável a uma troca, que poderá enriquecer o seu coração e o de quem está perto de você.

Será o universo conspirando por mim?

Longo domingo

Estou sentada na frente do computador e não consegui pensar em nada. Absolutamente nada. Uma hora de nada e outra hora de você. Palavra nenhuma. Isso é culpa do domingo.

Quando um certo alguém

Posso pensar em você, posso? Pensar em você quando acordo e quando vou dormir, pensar em você quando quero suspirar ou quando quero comemorar.

Não tem problema se eu criar um você. Não tem problema se o você não seja bem o meu você.

Não tem nenhum problema se você se tornar um príncipe do cavalo branco ( ou um príncipe de moto?).

Queria só saber se posso pensar em você. Gosto de sonhar acordada.

sábado, dezembro 04, 2010

Questionamentos meus

Você acredita em mudança?
Vivem dizendo pra mim que não se pode mudar o mundo. Ou pessoas. Ou qualquer outra coisa, se não nós mesmos. Dizem que não conseguimos mudar amigos, namorados, pais, lugares onde trabalhamos. Dizem que as estruturas, tanto humanas quanto concretas, são inatingíveis, inabaláveis, imutáveis. Nós somos os únicos objetos passíveis de mudança. O “eu”. Acontece que eu mesma já presenciei mudanças. Pessoas mudam? Não sei se mudam, mas melhoram. E isso já não é uma mudança? Talvez “x” não mude “y”, mas sem dúvida alguma, houve influências, uma palavra amiga, ouvida e entendida. Talvez não aplicada, mas ela existiu. Você acredita em amor? Você acredita que existe alguém no mundo capaz de lhe trazer felicidade plena e lhe completar? Mas aí você me diz: “Mas amor não é isso. Amor não encontrar alguém que lhe proporcione felicidade plena pro resto da sua vida”. E eu lhe respondo, “você tem razão”. Então, em qual tipo de amor você acredita? Você acredita naquele amor que lhe falta o ar? Ou naquele que você desenvolve com o tempo? Naquele amor que você aprende a sentir? Naquele que chega e lhe derruba e nem sempre, você levanta? Ou ainda naquele amor que seus pais viveram, ou seus avós? Naquela linda historia de amor? Blá, blá, blá. Estou tentando definir o amor! Que audácia! Não deveria. Mas você acredita? Ou não? Você acredita em Deus? Naquele que guia e orienta? Naquele que protege e conforta? Ou naquele que leva, sem satisfação, ou dá, sem explicação? Naquele que vê tudo e nada faz? Ou naquele que vê tudo e espera? Em que Deus você acredita, se acredita? Naquele que te deu o livre arbítrio ou naquele que já escreveu toda a sua vida? Aquele que já sabe tudo que você vai fazer, mesmo que você tente trapaceá-lo? Aquele que sabe que você vai pra esquerda e não pra direita? Aquele que sabe quando você vai morrer mas mesmo assim, lhe dá a vida? Você acredita em Deus? Você acredita na vida? Nas pessoas? No tempo? Você acredita em você? Você acredita em “dar a volta por cima”? Em superação? Em decepção? Em felicidade? Em lealdade? Em que você acredita? Com toda a sua força. Em que VOCÊ acredita? E ai, eu lhe pergunto, POR QUÊ?

Meu casulo

Onde é que está eu, essa eu que eu queria ser mas não sou?
Onde ela está, que não aqui?
Quero saber se ela chega algum dia, porque assim eu paro de esperar.
Quero saber se ela vem, se vem acompanhada de outras eus, talvez feitas de sonhos.
Essa matéria tão inútil que é o sonho.
De nada me adianta.
Eu não sou ainda, quanto mais um sonho.
Eu não terminei de me formar.
Larva no casulo.
E pode ser que o casulo seja eu.
Pode ser sim.
E o casulo fica achando que um dia descasca em borboleta, mas que bobagem, se o casulo é o eu. Loucura, eu sei. É que tem dia que eu acordo casulo.
Tem mês que eu acordo casulo.
A borboleta é difícil, tão rara.

domingo, novembro 28, 2010

Boa noite meu bem

Boa noite, namorado, que às vezes eu me sinto tão longe de você. Acho que você já dormiu. Fez bem, chove lá fora tão gostoso. Não tem problema que você não me ligou, eu já estou indo dormir mesmo, tudo bem. Às vezes a gente esquece do amor, não é mesmo? Boa noite, durma bem. Tenha sonhos gostosos, acorde bem tranquilo. Não tem problema que você desistiu de me levar para sair, eu já sabia que isso ia acontecer. Você fica cansado e desiste. Não faz mal. Eu até confesso que quando eu me sinto longe de você, tenho preguiça de te conhecer tudo de novo. Hoje eu teria que dizer "de onde você veio?" porque eu teria me esquecido. É o meu mecanismo de defesa. Eu esqueço de você toda vez que você esquece de mim. Boa noite namorado, que essa noite eu não consigo esquecer de você.

Caminho até nós

Eu não me importo com os caminhos que você tenha percorrido até chegar no ponto onde a gente se encontrou sem querer. Você pode ter sido famoso, pode ter tido milhares de namoradas em todos os cantos do mundo, pode ter sido um cantor charmoso ou até um mendigo. [Mas o momento do nosso encontro marcou um ponto no mapa da sua vida.] Esse ponto é um começo. Esse ponto é o resto que vai vir a partir de então. As fotografias não vão sumir, as namoradas vão continuar no mapa também, mas a partir daqui eu vou estar nas fotos, eu vou sorrir com você, e o seu mapa vai se misturar com o meu. A gente vai traçar o resto juntos. Por isso, nada disso importa: eu já fui um alguém antes também. Seremos juntos agora.

O tempo que passa

Tudo que você diz guarda uma despedida triste. Mas só eu posso ouvir o adeus de cada palavra sua. Você tem um jeito manso de dizer que o mundo está desmoronando. E eu, secretamente, às vezes desejo que ele desmorone logo. Que tudo recomece com outro começo. E você sabe o que eu queria que mudasse, mas você, secretamente, não sabe se também queria recomeçar. A gente sorri para toda essa areia caindo na ampulheta, porque somos tão tolos... Mal sabemos que o mundo está prestes a rachar ao meio, e que cada um de nós vai ficar de um lado.

Divisa da vida

Eu não sei o que será de mim quando eu tiver que dividir a minha cama com um homem, todos os dias. Fico pensando se eu serei capaz de dividir a minha vida. Ela é tão escassa, tão pouca, mal dá para eu viver. O que será dos meus pensamentos se eu tiver de compartilhá-los todo tempo? O que será dos meus silêncios? E se eles forem mal interpretados? Eu não consigo explicar todos os meus silêncios. São tantos, eles fazem parte do que eu sou. Eu sou feita de silêncios e algumas palavras entre eles. O que vai ser da minha vida, dividida ao meio? Vai sobrar um pouco para existir por aí, sem ser de ninguém?

só isso

isso tudo uma hora vai acabar, mas eu não quero saber. não quero que alguém me diga e eu não quero perceber. eu não quero receber um aviso, eu não quero receber um sinal. só isso. não quero ver, não quero mesmo. eu quero acordar um dia, e de repente ver que o que iria acabar já não acabou, e que não tem mais o que acabar.

sábado, novembro 27, 2010

Tempo de mudança

Onde é que está eu, essa eu que eu queria ser mas não sou? Onde ela está, que não aqui? Quero saber se ela chega algum dia, porque assim eu paro de esperar. Quero saber se ela vem, se vem acompanhada de outras eus, talvez feitas de sonhos. Essa matéria tão inútil que é o sonho. De nada me adianta. Eu não sou ainda, quanto mais um sonho. Eu não terminei de me formar. Larva no casulo. E pode ser que o casulo seja eu. Pode ser sim. E o casulo fica achando que um dia descasca em borboleta, mas que bobagem, se o casulo é o eu. Loucura, eu sei. É que tem dia que eu acordo casulo. Tem mês que eu acordo casulo. A borboleta é difícil, tão rara.

Flores bem aqui

Fiquei tão feliz com as flores, não sei se você sabe exatamente o quanto. De repente me deparei com um sinal de que eu pertenço aqui. Um sinal de que alguém sente a minha presença, eu tenho a capacidade de fazer alguém feliz. "Ei, olha o que tem de lindo no mundo, nesse mundo, ao seu redor, bem aqui!". E eu sorri. Você me faz sentir importante nesse lugar, onde ninguém importa.

do lado esquerdo do peito

Fui dormir
esquecida
gripada
doendo tudo
quando fechei os olhos
veio a mãe
com os remédios,
-não fui esquecida!
Fui dormir de novo
e veio o pai
com o remédio:
-eu não esqueci de você
e eu melhorei
todos os sintomas
só de aquecer o lado esquerdo do peito.
Esquecida eu posso ser,
no trabalho,
na praia,
aqui não.

terça-feira, outubro 12, 2010

Conserto de órgão

corta, abre, costura e fecha
mas não fecha tão bem
que é para poder abrir
se de repente o amor acontecer

Ventania

O vento que passou, levou quase tudo
Poderia ter levado quase tudo, mas não levou quase nada
Quebrou copos, vidros e objetos, mas não quebrou ninguém.
Vestidos voaram mostrando o que não deveria
Mas nenhuma moça sofreu ferimentos.
haverá sempre um refúgio, um abrigo qualquer.
Nenhum vento no mundo pode ser tão forte,
a ponto de mudar uma vida de direção.

Correções no caminho

Se houver falha no destino, que ela faça um encontro nosso.
Quero aceitar o seu perdão, quero ver se você está bem, quero te dar um abraço e dizer adeus direito.
Se houver falha no destino que ela seja longa, que ela se repita, que ela seja hoje.

Transmissão de pensamento

Será que ele ouve quando ela pensa nele?

Quando não se sabe

.. eu também não sei remar.
Estou no barco ao lado, com os meu remos também inúteis.
Te conforma saber que a correnteza do rio é forte?
Ela está nos levando para algum lugar.
Não sei bem para onde,
mas o barulho do rio é bom...

domingo, setembro 26, 2010

Sua história

Um dia ele virá
Ela não estará pensando sobre isso e ele virá.
Um um sorriso no rosto e com um monte de sonhos
Ele irá ensinar-lhe coisas interessantes e as pequenos detalhes da vida
Ele vai ver em suas coisas o que ninguém viu e vai se sentir completo com ela
Ele vai trazer-lhe flores e palavras romanticas
Ele vai fazê-la sorrir e sentir-se em outra galaxia quando ao lado dele
Eles farão planos juntos e ele irá admirá-la
Mesmo depois que ela envelhecer e mesmo que ela não possa ber bem uma ou outra coisa
Às vezes ela fica preocupa, confusa e sem esperança
Mas espere, ele virá.

domingos

Nunca entendi bem para que existem os domingos. O ar fica carregado de uma coisa qualquer. As vezes eu acho que o domingo é para dar saudades (e que saudade) de quem tá longe. As vezes acho que é para deixar melancólico e e tem vezes que tenho certeza de que o domingo é feito só para sufocar.

vinte e seis de setembro de mil novecentos e setenta e sete

Esse dia eu nasci, e desde então eu tenho esperado que tudo seja uma surpresa. Talvez porque tudo seja mesmo uma surpresa. Bem, às vezes não. Às vezes acontece exatamente o que eu esperava, mesmo que eu esperasse apenas um silêncio, ou um vazio qualquer.

terça-feira, agosto 03, 2010

Sem pressa

Eu sinto como se todo tempo os dias ficassem me esperando, sentados, com um pouco de pressa. Pernas balançando, me reprovando e aprovando algumas vezes. Os dias conseguem ser bastantes cruéis, e eu quero só saber o que será deles, se um dia eu me sentar e esperar por eles.

Uma página por vez

Eu posso ficar completamente brava, ou encantada com alguém, não importa.
É sempre a mesma resposta que ela me dá (e eu prefiro ouvir isso quando encontro pessoas terríveis, me dá um certo alívio), ela diz:
- É só mais um capítulo para seu livro.

domingo, julho 25, 2010

Longo inverno

Nem todo frio que sentes, é culpa desse inverno
Pode ser que parte dele seja do inverno passado
que ainda gela em ti

Um coraçao só

Nunca se deve deixar o coração sozinho
Ele pode se confundir
Ele se confunde com a chuva
ele se confunde com a neve (que nem existe aqui)
Um coração sozinho faz desgraças
Ele se despedaça inteiro,
só para magoar a gente.
Depois para consertá-lo dá o maior trabalho.
...se um dia eu conseguir...

domingo, julho 11, 2010

Descobri que nada é definitivo quando as pessoas vão embora.
Você foi embora e eu descobri que nada é definitivo.
Quando eu fui embora eu estava com medo de ficar definitiva.
Hoje eu só quero que dure até amanhã.

Marcapasso

Tenho observado o relógio da minha casa. Faz um tempo que sento no quarto e fico a observá-lo.
Eu percebi que já tem um tempo que ele me persegue.
Quando eu me preparei para sair, ele me mostrou as horas, quando eu estudei sem parar, ele me mostrou as horas.
Quando chorei de saudade, quando dancei sozinha, preparei meu almoço, fiquei muda por horas ou quase morri de amor, ele me mostrou as horas.
Tem momentos que eu queria que ele não existisse. Queria que não tivesse nada no mundo me mostrando que o tempo passa ou que ainda é cedo ou tarde demais.
Teve outros momentos que ele mostrou que faltava pouco.
Acho que entre tudo que me acompanhou até esse momento, ele é o mais fiel.
Nunca, nunca mesmo deixou de registrar nenhum segundo.
Acho que estou aprendendo que todo mundo é substituível. E quando você descobre que todo mundo é substituível, uma coisa qualquer se quebra dentro do peito.
Até que minhas idas e vindas pelos estados do país tem me ensinado muito.
Esses dias parei para pensar sobre o que os comissários de bordo dizem em caso de acidente. Algo como: "Puxe uma das máscaras, coloque a sobre o nariz e a boca ajustanto o elástico em volta da cabeça, e depois auxilie os outros caso necessário".
Primeiro é preciso que você respire e sobreviva, para que depois você possa ajudar quem quer que seja ao seu lado a sobreviver também. Essa é a lei dos aviões em turbulência.
Essa é a lei de qualquer turbulência.
Sobreviva antes de tentar salvar os outros.

sábado, julho 03, 2010

As voltas do meu mundo

Isso que o mundo dá voltas
Ele dá voltas mesmo
Gira
Gira
E trás meu passado de mansinho a mexer
Cada passado mexe de um jeito
Coça uma parte do corpo
Algumas pessoas fazem uma massagem no ego, gostosa, que deixa a gente sorrindo a toa
Outras dão um apertão violento no coração.
Nossa que aperto
Libriana que sou, fico estranha com essas visitinhas do passado
Sempre tenho que colocar uma música que me faça bem
Respirar fundo e olhar no canto do computador
22:09 do dia 16 de maio de 2010
Não é ontem nem anteontem
Não é ano passado
Não é infância
É 16 de maio de 2010
E acredite,
É preciso ficar atenta
Numa piscada de olho
Tudo muda novamente
E o presente me escapa.

quinta-feira, julho 01, 2010

A minha São Paulo

Eu gosto de uma coisa meio cidade do interior, ou um Rio de Janeiro de 60.
Essa sensação de que conheço todo mundo, barquinho e violão, praça no final da tarde.
São Paulo me assusta. Perco-me e me acho e me perco.
Muita gente, muito espaço e pouca praça.
O tempo escapa, não tem essa de estender num bar, cuidado com o trânsito.
Certa vez escutei de uma recifense em Recife – rodízio de carro? Mas como funciona esse lance?
Gosto de dar oi na rua pra gente conhecida, gosto de estender a tarde sem dar sinal. Quer achar a turma, estão ali na esquina, é claro. Onde mais poderia?
Uma coisa de violão e interior. Uma coisa de saber com quem fala e por onde anda. Uma coisa de não deixar o mundo ficar tão cheio de porcarias.
Tão cheio.
Chico diz que para gostar de uma cidade é preciso saber viver nela.
Difícil, veio sem manual.
São Paulo é ambiciosa, competitiva.
São Paulo tem de tudo, mas se você bobear não encontra nada.
Cidade que não sabe jogar conversa fora.
Certo está Vinicius... aqui não é para principiante não.

segunda-feira, junho 28, 2010

Essa tal timidez

O ideal é manter a descrição. Não fazer muito alarde. Porque a felicidade, se ela se dá conta de que ficou demais em um lugar só, ela vai embora, tímida que é. O ideal é disfarçar , ir pouco a pouco levando a felicidade consigo na discrição. Dizem por aí que há pessoas que conseguiram burlar a timidez da felicidade, e a carregaram para o resto da vida...

domingo, junho 27, 2010

A espera

Ela solta a mão dele e vai embora.
Ele não sabe para onde, não sabe se ela volta, mas a espera.
Esperar é sempre difícil, mas às vezes vale a pena, pensa ele.
Ela não olha para trás, nem para ver se ele ainda sorri, nem para conferir se o deixou no lugar certo, do jeito certo.
Ele chega a coçar a cabeça amargurado, pensando em coisas que não deveria pensar.
O dias passam, passam e ela decide que quer voltar.
E ela imagina como será.: ele a esperará em pé e ela correrá para abraçá-lo.
E ele não saberá se haverá boca, para tanto sorriso.

domingo, junho 13, 2010

Tudo que posso dizer

Não vou dizer o que eu sinto.
Você não vai saber de minha boca.
O que eu sinto é muito peito para pouco coração,
é muita veia para pouco sangue,
é talvez vazio demais.
O que eu sinto não vou dizer,
é muito mais do que eu posso aguentar,
-e talvez eu nem aguente.
O que eu sinto não é por você,
e é muito maior que tudo isso.
Não posso dizer, você não entenderia.
Talvez corresse de medo
Talvez ficasse para me salvar.
Mas eu acabaria te salvando afinal,
não ia dar certo.
Não posso falar o que sinto,
seria necessária muita voz, e eu mal consigo suspirar.
Aliás, o que eu sinto é isso:
tenho todos os suspiros do mundo
presos no peito.

sábado, junho 12, 2010

O pouco que se pode dar

Dizia Drummond que de tudo fica um pouco.

O que ficou dessa vez? De mim em ti, de ti em mim?

Ficou um pouco de tristeza talvez?

Um pouco de desânimo... de cansaço?

Ficou em mim um pouco de vontade por não ter tido o bastante.

Queria saber o que ficou em você, nos seus olhos castanhos.

No seu peito cheio de tanta coisa escondidas de mim.

No meu peito quase vazio ficou um espaço maior.

De tudo fica um pouco, e de pouco eu tive bastante...

domingo, maio 23, 2010

Antes de partir

Eu não costumava ser assim. Eu até falava bastante de mim antigamente, adorava explicar as minhas teorias e falar do meu passado. Mesmo porque o meu passado é uma delícia. Não sei se foi um fato pontual que me calou por enquanto. Também não sei se é só por enquanto. Mas o meu passado continua bonito, continua mesmo. Eu é que fiquei um pouquinho mais medrosa. Cuidadosa, talvez. Prometo que qualquer dia desses eu falo um pouco mais. Só que não gosto de falar muito. Eu sempre me arrependo depois, fico achando que estou nua. Que você pode rir da minha participação insignificante no mundo. Ou que você pode achar tudo isso um pouco bagunçado demais, você que é arrumadinho. Eu gosto de você, e quando eu gosto de alguém eu fico morrendo de medo de ouvir "eu preciso ir embora." Pra mim isso é pior do que um "eu nunca te amei." Eu supero não-amores, mas despedidas eu não sei. Fica tudo meio engasgado, eu fico perdida no meio da rua da minha cabeça. Quantas vezes já escrevi sobre adeuses? Eu acabo indo embora antes de ser abandonada, não consigo. Devem ter sido muitos desencontros. Tenho medo de virar aquelas pessoas que não se apegam, porque tiveram que desapegar demais. Apesar de que eu acho que já não posso mais partir, acho que é você que terá que ir. Será que você vai mesmo embora? Se for, não deixe de perguntar mais uma ou duas coisas sobre mim, para você eu quero falar.

sexta-feira, maio 21, 2010

Ironia - Júlio Licodiedoff

ironia saber que esse romance será perfeito
... porque ele tem hora de partida.

quarta-feira, maio 12, 2010

Que gosto é esse na minha boca?

Não é o de um beijo.

Não é o gosto do medo, esse gosto eu conheço bem.

Não é saudade, não é coragem e nem desgosto.

Não é nada que eu conheça. Já se passaram tantos anos desde que o homem começou a dar nomes para todas as coisas, eu penso se todos os sentimentos já foram nomeados. Esse gosto, esse sentimento, acho que ninguém deu nome. Eu não sinto fome, não sinto dor, não sei o que é. Não tenho medo dessa vez. Acho que é gosto do tempo passando.

Tem nome sentir o tempo passando?

domingo, maio 02, 2010

Furacões diários

Como suportar o dia seguinte da vida?
O que significa esse aperto, é um aperto?
A vida passando por entre os dedos, como se não fosse nada demais...
Esses furacões diários, como é que a gente sobrevive?
Como é que se chama essa ressaca de viver?
Essa ressaca de dor de saudade, o que é que eu faço com isso?
Eu não sei esperar o dia seguinte de hoje.
Eu não sei sobreviver a perspectiva do fim do dia, e quando o dia seguinte chega, eu não sei o que fazer com ele.
É assim mesmo que se vive, sem nem saber como sobreviver?

quarta-feira, abril 14, 2010

Abismo de palavras

O buraco cravado em nossos mundos ficou tão largo, que não acredito que exista ponte capaz de uní-los. O pior de tudo foi descobrir como somos capazer de criar abismos com nossas próprias palavras.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Esclarecido... como uma clara manhã

Hoje eu tive a prova
Aquela que faltava
A pecinha que faltava desse quebra cabeças do amor
Foi simples, nem doeu, mas aconteceu
Foi num meio de tarde, após um e-mail doce com poesia
Que tudo se esclareceu
Recebi
Quase que imediatamente
A confirmação de um e-mail apagado
Sem nem ao menos ser lido.
E tudo se esclareceu

domingo, fevereiro 21, 2010

Mundo, desculpe, mas enjoei de você

Enjoei de pensar no que eu tenho que fazer, de acordar todo dia e não poder ter preguiça, de lembrar que o mundo está piorando, que o tempo está correndo mais rápido, que todo mundo envelhece - rápido e a toda hora.
Enjoei de pensar que nem sempre as coisas são assim, de perceber coisas, de perceber que minhas amigas têm uns defeitos óbvios, mas que elas reclamam deles em mim, de ver que as pessoas mais velhas não mudam, de ver que meus pais não entendem o quanto eu gosto deles e o quanto eu tenho que ser eu, de não ser tão culta quanto gostaria, mesmo me esforçando....
Enjoei de ter dor no estômago de tanto tentar agradar os outros e nunca ninguém perceber, de me esforçar para me aproximar da minha irmã, mas não dar tempo. Nada dá tempo.
Enjoei de ser louca, gostar de uma coisa e no minuto seguinte não ter mais força de gostar tanto assim, enjoei de sentir tanta saudade, mas tanta saudade, enjoei dessas paixões, eu sei quais, essas mesmo.
Enjoei de não conseguir admitir que preciso ficar sozinha e dessa forma desagradar um bocado de gente, enjoei de ler livros que me fazem pensar por meses, escutar músicas que dizem muito pra mim, mas dizem muito pra todo mundo - porque no fundo todo mundo é igual, mas os tempos são diferentes, e os que passaram são sempre melhores que os de agora,....enjoei de pensar que a vida é assim mesmo, e nada tem haver, e todo mundo se identifica com tudo, porque tudo é a mesma coisa, enjoei. Mundo, enjoei de você.
Quero um novo!

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Cinzas de uma quarta feira

Tem um troço no meu peito que quando eu chego em casa começa a gritar.
Ele pede para que eu cuide dele. Pede sossego, pede calma e pede um pouco de solidão.
Tem um troço que fica me perguntando para onde eu quero ir, para onde estou indo, o que eu quero fazer.
Me deixa!
Me larga!
Mas ele não larga.
Ele às vezes me incomoda tanto, quero vomitar para fora.
Mas eu não sei como.
Então eu escuto, em silêncio.
Eu escuto e espero.
Até respeito (acho que ele exige o meu respeito).
Esse troço, eu acho que é o resto de mim...
... que sempre sobra.

sexta-feira, janeiro 29, 2010

O vagalume e a Raposa

O vagalume ia
O vagalume vinha
O vagalume brilhava
Brilhava
E brilhava
Sempre fugindo da raposa
Que ia atrás do vagalume.
Zumzumzum
Brilhava o vagalume
Fugindo da raposa.
Até que um dia, exausto, ele se deixou vencer
E a raposa se aproximou.
Ele, modesto e discreto, pediu por uma última pergunta
“Raposa, porque eu? Raposas não se alimentam de pequenos vagalumes....”
“E eu não sei?” respondeu a raposa “É que não agüento tanta luz”

sábado, janeiro 23, 2010

Como acontece?

Para onde vão os passarinhos quando começa o temporal?
O ninho deles resiste a um temporal como esse?
Com fazem os passarinhos?
Eu não sei como fazer...

terça-feira, janeiro 12, 2010

Sem medo do medo que o vazio dá

O vazio inevitável do fim do dia voltou a aparecer.
Discretamente, enquanto eu estou distraída pensando no que será que amanhã.
É um vazio bonito, até.
Quase se confunde com um sentimento de impotência, de insignificância.
Mas é um vazio, apenas.
Não esvazia o meu ser, não me deixa desiludida esperando algo para preenchê-lo, ele apenas é. Tem dias que sinto uma paz enorme em estar aqui, tem dias que passo cheia de dúvidas se eu deveria estar em outro lugar.
E o vazio, que passa o dia todo escondido, surge segundos antes de meus olhos fecharem para dormir.
Não luto contra ele, não sofro (só às vezes que sofrer me faz grande), eu deixo o vazio ali, porque ele é meu e com ele eu aprendi a coexistir.

domingo, janeiro 10, 2010

Para onde é que vai

As palavras que um dia sussurrei em um ouvido, para onde foram?
Elas foram para algum lugar?
Ficaram naquele ouvido?
Foram para qualquer outro orgão, menos ao coração.
Queria seguir o percurso de cada palavra, letra a letra
Para guarantir que elas chegassem a algum lugar
Ou pelo menos no lugar que eu esperava
Eu não gosto de disperdiçar palavras
Sinto que já desperdicei demais