terça-feira, agosto 07, 2012

coração meu

Talvez eu aproveite o dia de hoje para me desculpar. Peço desculpas sinceras ao meu coração, por deixá-lo assim, tão machucado.  A culpa foi minha, pode ter certeza. É que além de você, meu querido amigo, eu tenho dentro de mim a razão, que vive a me deixar confusa, e o medo, que me inibe. Tenho também um montão de sonhos, que me deixam cega. Eu tenho dentro de mim a consciência, que vez ou outra está acima do peso, e a pressão do tempo, que age sobre todos eles, invasiva e impaciente. Nos últimos tempos você tem estado assim, tão doído, eu sei. Eu estraguei tudo, me desculpe. Prometo agora deixá-lo quietinho, e mais que isso, prometo nunca mais tentar ignorá-lo. 

sexta-feira, maio 25, 2012

No meio da Arca de Noé

Dizem que todos os bichos entraram na arca. Noé só ficava de olho na porta para conferir a bicharada e evitar que de repente, algum mais afoito resolvesse comer o outro. Mas, na verdade, ninguém comeu ninguém. Entraram todos e todos sobreviveram à chuvarada e aí estão: a raposa, o lobo, o gambá, o peru, o porco, a borboleta.
Sabe o que tudo isso quer dizer? Que a gente deve conviver com a diversidade zoológica. Conviver com todos os bichos porque tem lugar na arca para todo mundo.

Eu, no entanto, tenho uma reclamação. Aceito, sim, a diversidade e até a convivência com todos os animais. Confesso que até convivo, mas, não me obriguem a gostar de cobra, nem de aranha, nem de escorpião, nem de outras excentricidades vivas.

segunda-feira, maio 14, 2012

Enquanto existir amor

E lá vou eu, novamente, pular de pára-quedas. Gosto de fortes emoções. Eu vivo para elas. Eu vivo para acordar de manhã e sentir tilintadas no coração e vivo para sentir uma saudade gostosa e uma ansiedade de tudo que ainda tem-se para construir. Eupulodecabeça, mesmo, emuitasvezes. E é impressionante como todas elas tem a sensação de uma primeira vez e a certeza de ser a última. Vivo de grandes escaladas e de saltos triplos. Agora, por exemplo, vou me atirar de braços abertos e sorriso no rosto, porque gosto de acreditar no amor, mas não vou deixar de me lembrar da promessa que fiz: de só gostar de quem gosta de mim.

sexta-feira, abril 27, 2012

Vivendo o tempo

Alguns dias duram vários dias
Alguns minutos estendem-se por horas
Alguns dias não duram para sempre.
Meus minutos não fazem sentido
Não combinam com o relógio
Vivem a me dar sustos
Alguns segundos eu perco por aí, e nunca mais recupero
E outros voltam e duram e duram
E continuam durando.
O tempo é muito mais que a linearidade de um horizonte
E mais complexo que uma linha do tempo
O tempo me escapa muito mais do que gostaria
Escapa para todos
O Big Ben perde o sentido todos os dias
Porque a hora de lá já passou
A daqui também
E já é outono outra vez.
Viva
Viva os seus momentos
A fim de cada vez mais afastar-se da linha do tempo horizontal proposta em sua cabeça
Proposta pela sociedade
E transforme seu tempo em um tempo seu
Onde segundos duram dias
E horas não têm um fim
Sinta
É preciso sentir
Do menor ao maior
Sinta todos os sentimentos
Porque desta maneira o tempo torna-se vertical
e a vida torna-se vivida.

domingo, março 25, 2012

E agora expectativa?

Tinha uma pessoa na embalagem, e outra dentro da caixa. 
E agora?
Faço o que com essa expectativa que criei?

quarta-feira, março 21, 2012

Enquanto vejo o horizonte

Eu perdôo você não porque eu te amo, nem porque eu tenho medo de te perder.
Eu te perdôo, porque eu quero ver onde isso vai. 
Eu quero ver como é que podemos ir mais longe, eu posso ir.
 Eu nunca fui tão longe, isso é tudo novo. 
Eu realmente não sei como lidar com isso. 
Como lidar com a sua atitude imatura, seu egoísmo, você. 
Estou curiosa. 
Além disso, o cara que eu me apaixonei é maior do que todas essas ações estúpidas. 
Ele é especial, e ele ainda é você. 

terça-feira, março 13, 2012

Quando você está aqui

O seu silêncio me afasta. 
A sua falta de qualquer coisa também. 
Eu interpreto como um desprezo. 
Depois você vem e me esmaga entre os seus braços, 
me beija milhares de vezes, 
me olha com esse olhar apaixonado. 
Você vem, você fica, você pede, você me ama. 
Mesmo assim há um desprezo nos seus segredos. 
Na sua falta de vida além de nós dois. 
Onde está a sua alma que eu ainda não conheci? Eu não posso viver no meio da sua vida, sem saber o que há na sua vida, sem saber o que você pensa da vida. 
Eu não sei o que fazer com tanta falta de você.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Meu livro diário

Eu menti para você: eu me importo com algumas datas comemorativas. 
Não todas, algumas. Apenas aquelas que afetam meu calendário pessoal, que nada tem a ver com o tradicional, que você provavelmente tem no seu escritório. 
Esse daí, confesso, nem uso. 
Meu calendário pessoal só tem um ou outro momentinho anotado, não tem todos os dias. 
Eu, inclusive, nem acho que as pessoas vivem todos os dias. 
Muitos dias elas não vivem, mas são impostas a transitarem por aí como se estivessem vivendo. 
Pura injustiça da vida. 
Enfim, eu me importo com algumas datas. 
Importo-me que faremos oito meses, assim como me importo que faz sete meses que tento descobrir de você. 
Lembro a data que nos conhecemos, a data que você me pediu em namoro e o dia que falou baixinho no meu ouvido que me adora. Eu sempre lembro essas datas - não o dia exatamente -mas o momento. 
Para ser sincera até anoto. 
Vou guardando tudinho num livrinho chamado vida, que adoraria compartilhar.

segunda-feira, janeiro 16, 2012

quando tudo desaparecer de mim

Eu tenho medo de esquecer
de certas coisas.
A sensação que aquela música me causava,
e já não causa mais.
A saudade que eu sentia, o amor que eu sentia,
a dor, a terrível dor, que me fez seguir em frente.
Se um dia eu me esquecer de tudo isso,
não haverá outra de mim para me lembrar.
Como vou fazer?

domingo, janeiro 15, 2012

Enquanto o tempo passa

Com certeza tem muita gente casando agora. Casais apaixonados trocando juras eternas. 
Deve ter gente dando a luz. Mamães olhando, entre lágrimas, o fruto de muito amor. 
Agora, com certeza, tem gente dando o primeiro beijo, sonhando que esse primeiro beijo se transforme em tantos outros.
Tem uma pessoa, agora, que falou eu-te-amo pela primeira vez, e outra que nunca antes tinha ouvido, até agora.
Tudo isso está acontecendo neste exato momento, enquanto estou em casa, sozinha.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Alma que não cresce

Tenho medo de envelhecer. Não tenho medo de ficar mais velha, por que isso é inevitável. Tenho medo de envelhecer, que isso vem de dentro. Medo de parar de olhar o mundo como um universo de descobertas prazerosas e de acreditar que ele pode, sim, ser cor de rosa. Tenho medo de parar de acreditar no amor e parar de sentir vontade de dançar ao som de qualquer nota. Como tenho coração de menina, normalmente esse meu medo fica apagadinho. Nos dias em que a angústia vem muito forte, no entanto, fico com medo de envelhecer. Angústia é sentimento de adulto.

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Tem tanta coisa que eu não te conto
eu omito, silencio, te escondo
Para me defender
de você, tão inofensivo
Com tanto poder.

segunda-feira, novembro 28, 2011

quando tudo é novo

Quanto mais eu me aproximo,
mas difíceis são os dias
sem a tua mão forte,
o teu não
que discorda de mim.
Quanto mais eu me aproximo,
mais vidro eu me torno
com medo de quebrar.
Quanto mais...
eu não sei:
nunca estive tão perto.

quarta-feira, novembro 09, 2011

preciso que entendas

Seu passado faz parte dos seus olhos, da sua risada, do seu nariz. Eu não ligo para ele, até gosto de tudo que ele te fez. Te fez uma mistura de coisas que eu procurava em lugares diferentes. Tem a dose certa de abraço (nem mais, nem menos), tem o doce exato no beijo e tem uma bobeirinha que te faz rir de mim, quando espero ouvir sua risada. As pessoas que caminharam no seu peito, e o deixaram do tamanho que ele é, não podem ter o meu desgosto, que faço do seu peito o meu jardim. Não se assuste com a minha cara de surpresa, quando vejo o seu passado em fotografia. Eu não me sinto dolorida e nem menor. É que o passado é uma coisa tão abstrata, fere os olhos ele assim, tão exposto na minha frente. Guarde o seu passado nos seus olhos, na sua risada e no seu nariz, não deixe que eu veja o rosto que ele tem.

domingo, outubro 23, 2011

Adeus

Inesperadamente, hoje eu chorei. Não foi de arrependimento, nem tampouco de medo ou saudade. Não sei nem dizer se foi de tristeza. Foi de adeus talvez. Um desses tchaus que você dá a um outro alguém, mas que sabe que no fundo é muito mais para si mesmo. Me despedi de uma parte de mim que precisava ir embora.

quinta-feira, outubro 13, 2011

já não posso mais me confundir, brincar de amar... enquanto isso a vida pode me atropelar nesse meio tempo.

segunda-feira, outubro 03, 2011

Respeito

Respeito é o que você tem que ter quando
No mais colorido dos dias
Não há vontade alguma de sorrir.
Respeito é o que todo ser humano deveria ter
Nos dias em que a risada não vem.
Respeito é deixar as lágrimas caírem mansinhas
Como o rio que corre.

Isso é sobre você

Talvez eu goste de sofrer de amor
Talvez eu goste da idéia de estar apaixonado
Talvez eu ache que é tão romântico como sendo um artista, cuja mente está obcecada sobre apenas um assunto, e ele é executado em seu sangue.
Você se inspira
Você escreve sem parar
Você não comervocê não dorme
Tudo dói tão profundamente, o seu coração, sua alma, sua mente - que por um tempo você tem certeza de estar vivo.

terça-feira, setembro 27, 2011

Coisas que descobri

Eu que descobri você. Não foi mais ninguém e não foi você que me descobriu. Fui eu, sozinha, que em um momento de distração, me permiti derrubar fronteiras e escutar um poquinho do seu discurso e histórias. Fui eu que deixei-me levar pela sua risada e a sua capacidade de falar besteira contextualizada. Fui eu que te liguei primeiro, só não tive a coragem de apertar o send, e fui eu que elogiei o seu sorriso, por mais que as palavras tenham ficado apenas no campo das coisasguardadasprasi. Eu te descobri porque escutei mais que falei, e dei espaço para que todas as pequenas borboletinhas adormecidas no estômago voltassem a circular livremente. Tenho orgulho da minha descoberta embora tenha que concordar que algumas das coisas que encontramos no caminho são livres para escolherem se a nosso mundo querem pertencer.

segunda-feira, setembro 19, 2011

Cuidado

Eu tenho um amigo incrível. Ele fazia festa na casa dele toda sexta-feira, não parava quieto, faz amizade com qualquer pessoa que passa na vida dele e o mais legal de tudo, ele adora ler. É dessas pessoas que é muito, muito difícil mesmo de não gostar. Ele tem umas frases bem divertidas que são marca registrada dele, e a que eu mais gosto era sempre pronunciada nas festas de sexta-feira: "Pessoal, quebrem apenas o necessário". Essa frase anda ecoando na minha cabeça. Tenho vontade de dizer para todas as pessoas que fazem festa no meu coração: "Ei, quebre apenas o necessário..."

Partes da gente

Passaram por aqui algumas pessoas. 
Todas delas tiveram parte. 
Eu tive parte nelas também, mas é difícil dizer. 
Algumas pessoas negam, ou até preferem não lembrar.
Eu não.
Eu lembro a todo instante das pessoas que passaram por aqui. 
Foi com elas que aprendi a ouvir logo quando vem alguém chegando.
Aprendi a ouvir quando essa pessoa terá uma parte pequena, uma parte grande, ou se será uma dessas pessoas que gostam mesmo é de passar.
Ouço alguém chegando, e eu sei.
Eu sei que é alguém que talvez náo tenha parte não, me parece que é alguém que vai ter tudo.
Se eu ouvi direito, é alguém que eu vou carregar no peito.
A gente nunca sabe essas coisas ao certo, acho que é melhor eu colocar o meu vestido mais bonito.

terça-feira, agosto 23, 2011

A flor e o vaso

Essa história é sobre uma mulher que colecionava vasos de flor. Todos bastante caros, importados dos lugares mais distantes e exóticos. Vasos raros, muitos deles. Ela cuidava com muito carinho: limpava-os, admirava-os e mostrava-os com muito orgulho para as visitas. Em todas as datas comemorativas os amigos a presenteavam com um vaso fino. Ela adorava todos. Um certo dia, um homem lhe deu uma flor. Ela não soube o que fazer com algo tão efêmero, tão frágil. Ficou confusa, perdida. Deixou-a em cima da mesa e foi atender os outros convidados, foi cuidar da sua festa. No dia seguinte, a flor ainda estava sobre a mesa. Ela olhou, olhou, e a pegou na mão: a flor estava morta. Essa é a história de uma mulher que possuia os vasos mais lindos do mundo, mas não sabia o que fazer com uma flor.

domingo, agosto 07, 2011

Quando se ama

Cada um tem o seu jeito de amar.
De sofrer,
de doer,
e de sorrir.
Tem gente que sorri menos,
tem gente que sorri demais.
Tem até gente que só sorri por dentro.
Talvez eu ame errado,
talvez eu não saiba como é que se ama.
Acontece que amar é como ser mãe:
a gente não aprende - um dia acontece.
É como ser filho, é como sentir fome.
Não existe amar errado.
O que existe é medo,
e só medo.

terça-feira, julho 26, 2011

quando ficamos com medo de perder algo, é porque já perdemos ou porque nunca tivemos?

segunda-feira, julho 11, 2011

abismo de um silêncio

Não sei e nunca soube direito o que fazer com o silêncio dos outros. Se eu dou aquela risada meio sem graça, se eu fico em silêncio também, se eu falo qualquer coisa, eu nunca sei. Depois de um tempo, talvez eu deveria ter aprendido que o silêncio é natural e provavelmente a hora mais sincera da conversa, mas eu não aprendi. Eu sinto a necessidade de preenchê-lo. Tantas vezes eu nem tenho o que dizer e digo algo completamente desconexo. E aí a pessoa fica muda de novo, porque não sabe o que me responder. Eu tenho uma relação de desconfiança com o silêncio dos outros, uma relação difícil. Eu sempre acho que ele está me escondendo alguma coisa, que ele tem algo a dizer, mas se faz silêncio por algum motivo. Alguém me ensina a lidar com o silêncio dos outros? Eu acho até que sei como é que faz. Eu acho que é preciso colocar dois silêncios para conversar, em silêncio. E então, enquanto eles conversam, os olhos é que devem falar.

sexta-feira, julho 01, 2011

pequeno segredo

Queria ficar em segredo,
escondida,
-sob sigilo absoluto.
Pra ninguém saber,
em lugar algum,
que eu estou amando.

Perto, bem perto

Começo a achar, mais até do que achar, começo a ver que eu não estou fazendo nada além de esperar o destino me encontrar. Mas que destino é esse? Não sei, já perdi o interesse em descobri-lo. Os dias passam e eu já nem olho mais no relógio para flagar a hora certa de ele me encontrar. O que eu antes pensava sobre esse destino não lembro, faz tempo que eu já não acho mais nada. Ele deve ser bem sem graça, porque já perdeu o timing, e uma boa piada depende do timing. Ele já transbordou o limite das expectativas o que faz dele também qualquer coisa acima ou abaixo delas. É possível que ele passe por mim e eu nem perceba. É possível que eu acene para ele, que vestirá um velho chapéu, e nem saiba que se trata do meu destino. Ele, desanimado pela minha falta de reconhecimento, certamente passará e irá embora, como castigo por eu não tê-lo reconhecido. Então, eu deverei esperar tudo de novo, até que ele resolva aparecer novamente. 
Ao pensar nisso tudo a idéia me faz chorar: e se ele já tiver passado, acenado e ido embora?
Mas na verdade eu sinto que ele está perto, bem perto.

terça-feira, maio 24, 2011

Enquanto espero

Está tudo meio abandonado: ideais, sonhos, objetivos. Está tudo um pouco embolorado e com algumas teias de aranha. Tudo parece um pouco sem dono. E tem dias que ninguém pode ver o que se passa, porque todo mundo tem os seus próprios bolores. E os pensamentos, as idéias, as vontades e saudades se misturam e viram uma coisa só: uma coisa que machuca. Não adianta tentar se esconder com fins de semana que te surdam da alma. Não adianta calar-se diante dos outros. Não adianta rir, porque a risada nessas horas é uma máscara frágil que se desfaz em um minuto. O melhor a fazer agora é esperar. Esperar o descompasso do tempo. Esperar a próxima volta do mundo. Quem sabe não dá para pegar uma carona?

segunda-feira, maio 09, 2011

e ela finalmente disse

Saia do meu caminho, você está me impedindo de ser o que eu quero. Saia já e leve toda a sua arrogância. Leve os seus frascos de perfume, leve os seus pulsos firmes que ficavam na minha cintura, leve tudo embora. E saia, que eu preciso colher umas flores no meu jardim, disse a princesinha.

sábado, abril 23, 2011

Para você pai

Qualquer dia vou te convidar para um café. Tenho uns elogios a fazer.
Dizer que você está mudado e que foi para melhor. Os anos vieram doídos aos seus ouvidos até que então você os entendeu. Digo mais, você os respeitou. Passou a olhar o passado com mais carinho e o futuro como uma porta aberta a tantas oportunidades, essas que sempre vieram em grupos, em bando, em milhões. Bilhões de oportunidades.
Você agora se modernizou, se atualizou e se encantou pela vida.
Passam-se dias e você fica mais jovem.
Os cabelos brancos desistiram de aparecer e deram espaço a sorrisos mais frequentes.
O aspecto cansado e as lamentações fizeram as malas.
Fiquei um tempo sem te ver e quando voltei, encontrei um pai mais moço do que quando saí.
Posso te convidar para um café? Tenho elogios a fazer.
P.S: Pensando bem, que tal um vinhozinho agora que eu só penso nisso? Eu deixo se for bem pouquinho.

domingo, abril 10, 2011

Frio que aquece

Ele falou que eu sou uma princesa. E explicou, de todos os jeitos, por que eu sou uma princesa. Estamos tão longe de casa, de tudo que nos é comum e normal, que ele realmente acredita nisso, e eu acreditei nele. E, de repente, senti um frio na barriga que eu conheço tão bem: é saudade do meu príncipe.

quinta-feira, março 31, 2011

Aquele dia, aquela noite, tudo que senti

Deitei minha cabeça no peito dele. Ele nem imagina, mas algo extraordinário aconteceu: eu ouvi o coração dele pulsando, lá de dentro. Com a outra orelha eu pude escutar os sons da rua, das pessoas passando, dos carros, das plantas. Não sei como explicar ele estando lá, vivo, bem do meu lado, e as pessoas andando na rua, as ambulâncias, as folhas das árvores balançando. Ninguém parou, nem por um segundo. O coração dele também não. Ele respirava, o coração batia, e eu ali, participando da vida dele. O meu coração batia também, mas ninguém ouviu. Há tempos corações batem dentro das pessoas, e eu descobri o dele.

quarta-feira, março 23, 2011

Você tem medo de dizer eu te amo?


Uma partezinha de mim sempre espera que talvez, de vez em quando, ou até de vez em nunca, você esteja andando pela rua e lembre-se da minha existência sem motivos, ou simplesmente porque queria me contar uma piada.
E, eu penso em você assim, do nada, enquanto estou procurando um endereço no mapa, ou às vezes esperando a cafeteira esquentar, e inevitavelmente, surge um sorriso no meu rosto.
Talvez por isso eu tenha me conformado a fazer uma ínfima parte da sua vida, quando o que eu queria era fazer parte de toda ela.
Agora tem aquela voz, lá no fundo, dizendo-me coisas que não quero pensar.
Eu a chamo de loucura, mas mais loucura é não ouvi-la.
Posso também a chamar de desilusão, mas estou loucamente a ignorando.
Talvez porque, assim como Tan Hong Ming, eu espere descobrir que você também, tem algo a me dizer.

domingo, março 13, 2011

Ar nosso de cada dia

Tento lembrar de respirar, mas é tão complexo esse processo de puxar algumas moléculas do ar e soltar outras. Me falha a respiração e por isso perco todos os movimentos. Só consigo pensar e nada mais. Claro que os pensamentos não são lineares e enquanto eu penso que estou caindo em um abismo, porque estou há muito tempo sem respirar, eu penso em outras coisas também. Respira, respira, puxa ar, solta ar. O que estou fazendo aqui, por que você está ao meu lado? O que você quer comigo? Por que eu gosto tanto de você, de tocar na sua mão? Eu não sei. Voltei a respirar. Voltei a ser eu, voltei a estar aqui. Esqueci tudo que eu estava pensando, me dá a sua mão, porque eu quero segurá-la. Não me importam motivos. Eu não quero saber o que te traz aqui, desde que eu continue respirando.

segunda-feira, março 07, 2011

um pouco de mim

Não que eu seja das mais inteligentes.
Sou insegura como qualquer mulher da minha geração
Tenho dentro de mim fogos de artifício e a mania de perguntas.
A curiosidade que não me abandona e a memória de peixe.
Me apaixono por qualquer assunto e o esqueço com a sombra do seguinte.
Sou dessas pessoas que de tanto querer novidade me passo por criança e de tanto aconselhar, me passo por madura.
Mudo de cor como o céu de sul do país,
Mudo de humor dependendo da batida.
Sou dessas pessoas que é fácil fazer chorar e mais fácil ainda fazer rir.
Sou dessas pessoas que andam descalça
Sou dessas pessoas que tem saudade de casa
Sou igual a toda e qualquer mulher: louca para se achar e mais louca ainda para se perder

é apenas saudade

Vim tão preparada, vacinada, treinada, que quando os sentimentos me invadem violentamente, eu apenas os analiso. Eu sabia que eles viriam, eu sabia que eles fazem parte do processo e acho que por isso mesmo sinto-me tão leve. Quando eles chegam - como hoje que sinto tanta saudade - eu sorrio. Sentir saudade me faz completa.

quinta-feira, março 03, 2011

Alguns pecados

Talvez eu seja apenas e nada mais que uma pecadora.
Peco por não me apegar a nomes e esquecer os números.
Peco por estar corpo presente e mente ausente,
Peco por insistir em entender o interior, enquanto o mundo vive o exterior,
Peco por acreditar que tristeza e melancolia fazem o homem mais completo,
Peco por sonhar acordada enquanto o mundo mal dorme,
Peco por dormir sábado a noite enquanto o certo é curtir a juventude e peco por ser 100% cafona, enquanto o mundo é muito, muito fashion.

domingo, fevereiro 20, 2011

Falta de coragem

Desistir não é nada fácil. É preciso muita força, muita vontade e muita coragem para desistir. Lutar é clichê, todo mundo luta, todos os dias. Quando desistem é que chamam atenção. Para desistir é preciso perder tudo de dentro, o estágio de vazio deve ser o mais elevado. O irresistível desistir: eu não tenho coragem.

domingo, fevereiro 13, 2011

As vezes que você vem

Se você está aqui,
por que eu estou tão sozinha?
Se você está aqui,
onde está você?
Se você está mesmo aqui,
por que eu me sinto tão perdida?
Por que eu não consigo te encontrar?
Você está mesmo aqui?

um lugar para chamar de meu

Sabia que ia acontecer e aconteceu. Eu, sentada em meu quarto, olhando para o nada. Um vazio gigantesco de não pertencer. Aquela saudade ardida que faz o homem destratar quem não merece e que não há comida que sacie. Cadê toda coragem prometida ao final do processo? Cadê a saudade da terra natal? Onde estaria escondida a felicidade, capaz de preencher o vazio saudozista? Às vezes penso que sou de lá, de cá, do mundo ou de lugar nenhum.

sábado, janeiro 22, 2011

22 de janeiro de alguns anos atrás

Abri a caixa depois de dois anos que eu a mantive fechada.
Cartas, bilhetes, desenhos
e algumas lágrimas que você colocou em um papel de seda.
Encontrei aquele nosso mundo, tão antigo, tão distante.
Não há nada que eu mudaria daquelas risadas
no corredor, naquele terraço secreto,
naquele jardim de outra casa: a gente só sabia rir
do mundo dos outros.
Um dia eu cresci demais para aquele casal que éramos.
Eu e você,
ficamos naquela caixinha azul.

Tempo que pulsa

O relógio parado no pulso.
De ouro, o relógio,
mas estava parado.
Não sabia dizer as horas.
Era de ouro,
mas nada dizia,
nada me disse.
Em outro pulso que não o meu.
Se fosse meu, o pulso,
o relógio não estaria parado.
Talvez o pulso,
mas nunca o relógio.

sábado, janeiro 15, 2011

Desejos de um novo ano

Não mais viver de amores construídos, desenvolvidos ou adaptados e sim do amor verdadeiro que nasce de quase nada e desabrocha com ternura. 
Amor arrasta quarteirão, com direito a recadinho cor-de-rosa e desequilíbrio emocional. Amor com cara de crescimento. Brilhante, latejante...
...que se descubra uma coisa qualquer dentro do peito.

domingo, janeiro 02, 2011

Entre o Velho e o Novo

Foi ao som da tradicional canção ‘Adeus ano velho, feliz ano novo’ que meu ano virou. 
Sob uma noite - não muita estrelada - interior paulista e uma imensidão de verde ao redor, os fogos iluminaram o céu. Não, nada especial ou diferente. 
Inclusive, um tanto decepcionante. 
Um brinde entre amigas seguido por uma chuva de champanhe ilustrou os primeiros minutos do novo ano: 2011.
Estão dizendo por aí que os próximos 300 e poucos dias são de esperança e   e renovação, um recomeço.
Li esses dias, não sei bem onde, a definição do Réveillon: Ano Novo, Esperanças Novas, Regras Novas. 
Acho ótimo. Estava precisando mesmo redefinir alguns conceitos e quebrar algumas normas ultrapassadas. 
Tenho a impressão (leve, sutil, quase imperceptível) de que coisas boas estão por vir. Afinal, 2011 será decisivo... 
De formas incrivelmente distintas.

domingo, dezembro 19, 2010

Medida do tempo

Em cada presente, a mensagem tem um sentido.
A minha percepção de existência está balizada pelo contexto tempo, mais que pelo espaço.
Uma mesma mensagem, cinco minutos depois, não me vale mais nada.
Passaram- se cinco minutos.
Não sou eu que defino o tempo, mas sou eu que envelheço com ele.
Sou eu que transformo as palavras em jóias, para destruí-las, logo após.
Ou transformo um diálogo em lei, uma vida em nada.
Na minha mensagem de hoje falo de paz.
Peço que o tempo afaste minha ansiedade e me dê paz.
No meu presente, faz todo o sentido.
No presente seguinte, rasgarei tudo.
Nesse presente, ela se faz necessária.
Existimos através da medida tempo.
Presos e crucificados a ela.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Mudança a vista

Eu não sei se é tempo de ficar ou ir embora, mas escolhi ficar.

Ouço a chuva caindo, e lembro daquela aula na faculdade, quando me disseram que a chuva nos filmes é sinal de mudança. Sempre penso nisso quando chove, será que a vida também faz sinais subliminares? E se não captarmos eles, e se não captarmos um sinal que diga que é melhor não ficar? Recebo convites e discretamente os rejeito. Não tenho vontade de aceitar mais nada, finalmente acho que estou no lugar certo. É uma combinação de sorte, destino e distração. Eu, distraidamente aceitei os seus convites por achá-los leves. Por sorte foi tudo leve de fato, e pelo destino e escolha minha, aqui eu fiquei.

Enquanto isso, chove lá fora, acho que é sinal de mudança.

domingo, dezembro 12, 2010

Quando Nietzsche e eu choramos

“Houve uma época em nossas vidas em que estávamos tão próximos, que nada parecia obstruir nossa amizade e fraternidade e apenas uma ponte nos separava. Quando você ia subir na ponte, eu lhe perguntei: “você quer atravessar a ponte até mim?’ Imediatamente, você deixou de querê-lo e, quando respondi a pergunta, você ficou silente. Desde então, montanhas, rios torrenciais e o que quer que separe e aliene interpuseram-se entre nós e, mesmo que quiséssemos nos reunir, não conseguiríamos. Agora, ao pensar no pontilhão, você perde as palavras e soluça e se maravilha”.
... “uhm, é uma historieta curiosa, vamos analisá-la. Uma pessoa está prestes a atravessar a ponte, ou seja, a se aproximar da outra, quando a segunda pessoa a convida a fazer exatamente o que planejara. Com isso, a primeira pessoa não consegue mais dar o passo, porque agora pareceria estar se submetendo à outra....”
E eu, mais uma vez, fiquei a esperar. Não sei se uma hora, um dia ou uma eternidade. O tempo das expectativas muda os ponteiros...

quarta-feira, dezembro 08, 2010

E aquela música do U2 que diz "I still haven't found what I'm looking for" faz cada vez mais sentido. Mas o still tem que terminar em algum momento, não? Uma hora, a gente acha o que procura.


Só estou cansada de buscar. E de tentar achar novos caminhos.